sábado, 29 de janeiro de 2022

VEJA COMO A 'LAVA JATO' CONSTRUIU ESCÂNDALO PARA TENTAR MUDAR RESULTADO DE ELEIÇÃO

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A imprensa brasileira sempre teve importância fundamental em grandes momentos históricos do país. Um exemplo foi a capa da revista Veja do dia 23 de outubro de 2014, três dias antes da eleição presidencial daquele ano.


Por Márcio Chaer

O segundo turno caiu num domingo. Na véspera, a notícia bombástica, espalhada em outdoors erguidos em todo o país, informava que "o doleiro Alberto Youssef, caixa do esquema de corrupção na Petrobras, revelou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, na terça-feira passada (dia 21), que Lula e Dilma Rousseff tinham conhecimento das tenebrosas transações na estatal". "Eles sabiam de tudo", explodia a manchete.

Mas Dilma, com 51,6% dos votos, acabou vencendo a disputa com Aécio Neves, para o desgosto de quem tanto trabalhou no sentido contrário. O grande feito jornalístico, contudo, ganha outras cores quando se passa em revista a participação de Sergio Moro, da PF, do MPF e dos jornalistas nesse episódio clamoroso.

Até agora, a manobra era criticada pelo seu vazamento. Agora se sabe que as poucas linhas do "depoimento" — na verdade, um "adendo" de uma delação que ainda não existia — foram fabricadas apenas para viabilizar a reportagem. A prova está em vídeo (clique aqui para ouvir). Delegados, procuradores e juiz de primeira instância investigam uma presidente da República.

O próprio Moro comandou a audiência preliminar, quando o caso já estava a cargo do Supremo. Ele concentra os papéis da PF, do MPF e do STF. Para garantir o adendo de Youssef, prometeu: se Teori Zavascki não homologasse a delação, ele, Moro, concederia os benefícios nos autos — como já fizera outras vezes em negociações semelhantes. Teori homologaria a delação em dezembro, sem qualquer anexo que falasse de Dilma ou Lula. O objetivo do "adendo" já fora atingido.

A produção desse momento da "lava jato" foi protagonizada pelo delegado da PF Márcio Anselmo e pelos procuradores Diogo Castor de Mattos e Roberto Pozzobom, sob a direção de Sergio Moro. Depois da eleição, foram flagradas conversas dos delegados, comemorando a capa de Veja.

Alberto Youssef, preso havia mais de sete meses, estava com problemas de saúde — o que o levou a ser hospitalizado, mas só depois de concordar com o depoimento contra o PT. A própria revista reproduziu o "adendo" com que o doleiro comprou sua alforria:

"Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
– O Planalto sabia de tudo!

– Mas quem no Planalto? ...
– Lula e Dilma, respondeu o doleiro".

A fabricação do depoimento extraído a fórceps irritou os advogados. Sérgio Moro não tinha alçada sobre a delação de Youssef, mas foi quem articulou o depoimento, em contato com os advogados, com a polícia e com o MPF. Foi por pressão do juiz que o doleiro foi levado a depor. Nos Estados Unidos, isso se chama "prática jurídica corrupta".

As "discrepâncias" do depoimento quando ainda não havia delação foram registradas nas impugnações feitas pelos advogados. Mas o domínio lavajatista escolhia as verdades que queria. O gerente da Petrobras, Pedro Barusco, sempre declarou que recebia propinas na empresa desde a década de 90. Mas, obedecendo os procuradores, só lançou nas planilhas as propinas recebidas a partir de 2003, porque foi orientado no sentido de que a "lava jato" não cobria os períodos anteriores. Ou seja, o objeto do processo eram os governos do PT. Mais ainda: ele foi proibido de citar autoridades com foro em Brasília para que a delação não escapasse de Curitiba.

Youssef jamais admitiu a seus advogados saber qualquer coisa sobre o Palácio do Planalto. O que ele sempre informou foi que as conversas sobre dinheiro com o PT se davam por meio do ex-deputado José Janene, que, por sua vez, relacionava-se com Paulo Roberto da Costa. Não existe um único registro de que Alberto Youssef tenha feito qualquer referência a Dilma ou Lula, fora do depoimento criado por Sérgio Moro. - (Fonte: Revista Consultor Jurídico - ConJur - Aqui).

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"A imprensa brasileira sempre teve importância fundamental em grandes momentos históricos do país."

De fato, além disso, a imprensa brasileira tem importância fundamental em todos os momentos do país relativamente a si mesma: exercita o espírito da solidariedade radical: uma publicação jamais questiona a outra, como a resumida na explosiva capa da revista Veja - que por sinal o bloco de Aécio Neves converteu em panfleto distribuído à farta nas ruas de grandes centros como São Paulo e Rio, na véspera e no dia da eleição de 2014.

Outro exemplo é a 'materiazinha' publicada pelo jornal O Globo dias antes da 'denúncia' do MP sobre o triplex do Morumbi, e que teria servido de base para a iniciativa que resultou acatada por Sergio Moro para condenar o ex-presidente em face da prática de... "atos indeterminados"!! O citado senhor foi declarado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal; após desistir do cargo de ministro da Justiça, prestou 'serviços' a uma empresa estrangeira cujo ofício seria o de recuperar, entre outras, empresas que a Lava Jato condenou, e acaba de "explicar" gordas importâncias auferidas da referida empresa (R$ 3,7 milhões, em um ano de 'trabalho'), sem quaisquer questionamentos de quem quer que seja, em horário nobre oferecido pelo conglomerado a que pertence o jornal que veiculou a 'materiazinha' citada no início do parágrafo!!

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Em Tempo:

ConJur:
Setor de Inteligência do TCU Fará Relatório Sobre Moro e Consultoria

O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, negou pedido do subprocurador Lucas Furtado, que atua junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), para que acione o Banco do Brasil e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para obter informações sobre os rendimentos recebidos pelo ex-ministro Sergio Moro na consultoria Alvarez & Marsal.

Na decisão, proferida antes de o ex-juiz da "lava jato" e pré-candidato a presidente revelar quanto ganhava, Dantas sustenta que, antes de instar demais órgãos da administração pública, é preciso usar recursos administrativos à disposição do TCU.

Diante disso, determinou que a Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) busque nas bases de dados todas as informações que possam guardar relação com o vínculo estabelecido entre Moro e a consultoria dos Estados Unidos.

Nas bases de dados à disposição do tribunal de contas constam informações como quadro societário de empresas, quantidade de empregados e participação em contratações públicas, entre outras informações.

Após ver frustradas as tentativas de aliados de intimidar as autoridades na investigação de que é alvo no TCU, Moro decidiu revelar nesta sexta-feira (28/1) quanto recebeu da consultoria em território norte-americano. Em uma live sem a participação de profissionais de imprensa, ao lado de aliados, afirmou que recebeu ao menos R$ 3,7 milhões pelos serviços prestados. Isso equivaleria a um salário de US$ 45 mil (R$ 241 mil na cotação atual). Ainda revelou o pagamento de um bônus de US$ 150 mil (R$ 805 mil), mas que desse valor teve que devolver R$ 67 mil por não ter cumprido o contrato até o fim. (...).

(Para continuar, clique Aqui).

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