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"...a história, embora fictícia e ambientada nos dias atuais, não é tão distante da realidade. No século XIX, os Estados Unidos ajudaram a criar a República da Libéria e mandaram para lá ex-escravos"
.O filme Medida Provisória, primeiro longa-metragem dirigido por Lázaro Ramos, será exibido no Brasil pela primeira vez no próximo dia 15, no Festival do Rio. A exibição, no entanto, não significa que o título entrará em cartaz no país. Em nota postada em uma rede social nesta segunda-feira, os produtores informam que o filme está com seu lançamento no circuito comercial travado, aguardando a liberação da Agência Nacional do Cinema (Ancine). E cobram uma definição à agência: “Medida Provisória segue impossibilitado de ter seu lançamento no Brasil apesar dos inúmeros recursos submetidos por suas produtoras e coprodutoras à Agência Nacional do Cinema (ANCINE) para que ele seja liberado em circuito comercial.”
Desde sua finalização, o filme – que apresenta uma visão distópica* dos problemas raciais do país – vem acumulando críticas positivas e prêmios em festivais internacionais. Baseado em uma peça teatral do começo dos anos 2000, escrita por Aldri Anunciação, ela fala de um governo que, alegando o suposto intuito de “reparar” as injustiças da escravidão, determina que todos os negros sejam despachados para a África de seus antepassados. Vale lembrar que a história, embora fictícia e ambientada nos dias atuais, não é tão distante da realidade. No século XIX, os Estados Unidos ajudaram a criar a República da Libéria e mandaram para lá ex-escravos. (* = 'visão distópica' = que considera um ambiente opressivo, tenso, anormal).
Em diversos momentos, a trama dialoga com o Brasil do presente, lançando farpas contra os políticos e a intolerância – o que muitos poderiam interpretar como críticas ao governo Jair Bolsonaro, ao qual a Ancine é vinculada. Em entrevista a VEJA, Lázaro Ramos nega essa intenção. Ele afirma que o filme começou a ser escrito em 2013, embora se mantenha atual diante dos acontecimentos do Brasil de hoje. “O roteiro começou a ser feito em 2013, e mudamos muito pouco. Tem o talento dos roteiristas de farejar o que poderia acontecer no futuro caso continuássemos com determinados comportamentos. A fala de que mais gosto está no roteiro desde 2015. O personagem do Seu Jorge diz: ‘Como é que a gente não percebeu que isso ia acontecer?’”, disse Lázaro Ramos.
Além de Seu Jorge, o elenco conta ainda com Taís Araújo, Alfred Enoch, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Ximenes e Emicida. - (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).
*Publicado originalmente no Blog da Cidadania
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