A propósito do que disse este Blog ao reproduzir o artigo "Economia: Para entender a dança dos efeitos do coronavírus sobre o Brasil". Nosso comentário: "(Nota deste Blog: "caiu o PIB público, mas melhorou o PIB privado", esse foi o "argumento" utilizado pelo governo diante do mal estar provocado pelo PIB de 1,1% em 2019...). - Aqui.
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Não obstante as pilhérias em torno da 'criativa' invenção, fica no ar aquela impressão de que o autor do feito tentou de certa forma enfatizar que os interesses do setor privado (com destaque para os mais ricos) teriam sobrepujado os dos pobres, que seriam os mais beneficiados com políticas sociais e macroeconômicas - a exemplo da expansão de investimentos públicos. Coisa típica de quem defende o mercado e escorraça o Estado Mínimo.
Por Raymundo Gomes (No DCM)
Entrou nos TTs (Trending Topics) do Twitter, como piada nacional, o “PIB privado”, novo conceito econômico lançado por Paulo Guedes para esconder o PIBinho de 1,1% em 2019.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM) divulgou nas redes sociais um “card” apregoando, contra todos os fatos, que “o Brasil agora cresce de verdade”, pois o “PIB público” (“ruim pro Brasil” segundo a SECOM) teria caído 2,25%, enquanto o “PIB privado” teria crescido 2,75%.
Não bastasse o farisaísmo dos conceitos de “PIB público” e “PIB privado”, ridicularizados por inúmeros economistas de diferentes posições ideológicas, os números ainda por cima estão errados.
O tal “PIB privado” não cresceu 2,75%. Cresceu 1,81%. O dado consta de Nota Informativa do próprio governo, divulgada na quarta-feira. O número de 2,75% se refere aos números até setembro. A SECOM já dispunha do dado final de 2019, mas optou por escondê-lo.
Da mesma forma, o “PIB público” não caiu 2,25%, e sim 1,11%. E, claro, o crescimento do “PIB público” não é “ruim pro Brasil”. Não existe dicotomia entre crescimento do setor público e do privado, a não ser na cabeça de quem quer tocar o gado.
“Inventaram o PIB mamadeira de bilau”, escreveu Vinícius Torres Freire, colunista de Economia da “Folha de S. Paulo”. “Dizer que é ‘contabilidade criativa’ nem trisca no disparate.”
“O Ministério da Economia precisa pra ontem se desvincular dessa patacoada de PIB privado e PIB público”, tuitou a apresentadora de TV Vera Magalhães, insuspeita de petismo.
“Bateu uma curiosidade e eu pesquisei ‘private GDP’. Trata-se mesmo de uma inovação única no mundo”, afirmou nas redes a economista Laura Carvalho, ex-colunista da “Folha”.
Até “O Antagonista” criticou.
“O IBGE não reconhece ‘PIB privado’. O FMI não reconhece ‘PIB privado’. O Banco Mundial não usa ‘PIB privado’”, ponderou Cedê Silva, que se apresenta como repórter em Brasília do site de extrema-direita. - (Conversa Afiada - Aqui).
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