"O ano que se finda ainda será muito revisitado para ser compreendido. Nele, constatamos que o fundo do poço pode sempre ser mais escavado. A autoflagelação destrutiva iniciada em 2013, e os desatinos dos anos seguintes, resultaram na opção eleitoral pelo projeto extremista que começa a ser implantado com a posse de Bolsonaro.
E com isso começa o ciclo político que substituirá o da Nova República, iniciado em janeiro de 1985 com a eleição de Tancredo Neves e coroado com a Constituinte, legado que o Brasil e suas elites não souberam aprimorar. Não se pode falar de 2018 sem olhar também para os cinco anos anteriores.
Em 2013, nossas elites políticas não entenderam as manifestações “contra tudo e todos”, especialmente o PT, que governava, e o PSDB, maior força de oposição. Partiram para o confronto eleitoral sangrento em 2014, com a nascente Lava Jato adubando a polarização. No futuro, alcançou outros partidos mas naquela hora só demonizou o PT. Dilma errou na campanha, omitindo o verdadeiro estado da economia e das contas públicas. Liderado por Aécio Neves, o PSDB não errou menos. Não aceitou a derrota, embarcou na sabotagem ao governo e jurou que Dilma não governaria.
Em 2015 ela tentava corrigir erros econômicos mas o Congresso sabotava seus esforços. A recessão deu as caras. O fogo da Lava Jato se espalhou, jogando a política na lama. Desesperados, os políticos buscavam um bote salva-vidas. Para a estancar a sangria, “a solução é o Michel”, disse o senador Jucá, pregando o acordão “com Supremo e tudo”. A palavra impeachment saltou de suas bocas para as ruas. Dilma foi deposta numa sessão de horrores, comandada por Cunha, com Bolsonaro homenageando o torturador Brilhante Ustra.
O ano começou com rebeliões nos presídios e as facções criminosas mostrando força. A violência pipocou, o carnaval foi sangrento num Rio acéfalo. Temer fez então sua “jogada de mestre”, com a intervenção federal. Apesar da rejeição, sonhou com a reeleição. Em março, a brutal execução de Marielle Franco informou que forças malignas sentiam-se liberadas. A intervenção chega ao fim melancolicamente.
Em abril, Lula foi preso. A demolição política chegava ao ápice com a prisão do líder mais popular do país, após uma condenação de fundamentos duvidosos, pelo juiz que agora será ministro. Começou a peleja do PT para fazê-lo candidato.
Em maio a greve dos caminhoneiros parou o país e o Temer deu um show de vacilação. Mandou tropas para as estradas mas rendeu-se oferecendo o subsídio ao diesel que acaba amanhã. E agora, farão greve sob Bolsonaro?
Vem a campanha. Lula é líder nas pesquisas e Bolsonaro posa de candidato anti-sistema. Promete guerra aos bandidos e aos corruptos, liberar as armas, varrer o PT e a esquerda, governar sem partidos. Prega a valorização da família e dos bons costumes, enquanto deprecia mulheres, gays, negros e índios. Uma sociedade conservadora sai do armário em seu apoio, para espanto do Brasil envernizado. A esquerda racha e a direita liberal também. Alckmin é um candidato fraco mas o PSDB não tem outro. Em agosto a candidatura de Lula é barrada e o PT lança Haddad com atraso. A transferência de votos começa a funcionar mas, em setembro, Bolsonaro é esfaqueado, e tudo muda. Vitimizado, poupado dos debates, vai ao segundo turno e derrota Haddad. A disputa é suja, com o disparo eletrônico de calúnias contra o petista. Ainda em combate, inclui a imprensa entre os inimigos.
Sua equipe é de duvidosa competência para enfrentar os desafios que tem pela frente. Venceu porque as elites políticas foram incapazes de construir o consenso mínimo para evitar o pior. O voo incerto vai começar. Apertemos os cintos."
(Da jornalista Tereza Cruvinel, post intitulado "Os anos perdidos", publicado no Jornal do Brasil, do qual é colunista, matéria reproduzida pelo site Conversa Afiada - Aqui.
A analista Cruvinel deixou de aludir ao cenário geopolítico, certamente um dos fatores que determinaram a formação do quadro ora presente em nosso País. Guardadas as devidas proporções, é válido dizer que o Brasil vem sendo tabuleiro onde se desenvolve guerra surda - corrijo-me: não tão surda - entre superpotências mundiais, dada a importância estratégica deste pujante País, seja na esfera econômica, seja na esfera política, seja no que respeita ao valioso patrimônio de que é possuidor. A propósito, ao que consta, tudo teria começado com a espionagem à Petrobrás, segundo dizem pela NSA... a qual teria dado origem a vários desdobramentos, influenciando até certa Operação deflagrada em março de 2014, etc. ...
Senões à parte, o fato é que a República do Brasil conta com um novo Presidente eleito, o senhor Jair Messias Bolsonaro. Que se obedeça ao que determina a Carta Magna e bola pra frente).
....
ADENDO
Enquanto isso, "Em apenas uma semana o canal no YouTube 'True Or not' se tornou um dos mais visitados na plataforma por conta do documentário A Facada no Mito. O trabalho, publicado sem o crédito dos autores, foi produzido com base nas imagens que foram amplamente divulgadas logo após o ataque desferido por Adélio Bispo de Oliveira contra o então candidato Jair Bolsonaro, em 6 de setembro, com a diferença de trazer apontamentos minuciosos sobre o comportamento da equipe de segurança e de perguntas que não foram respondidas até o momento pela Polícia Federal. (...)"
- 'Documentário levanta dúvidas sobre atentado contra Bolsonaro' - AQUI.
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