sábado, 28 de julho de 2018

PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS: O CASO CEPISA

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Para tentar entender o processo que conduziu à privatização da distribuidora de energia do Piauí, onde se misturam ânsia da entrega do patrimônio nacional e desídia governamental ao longo do tempo, traduzida, segundo críticos em geral e até entre o corpo funcional, em ineficiência e ineficácia. (Há até casos de funcionários defendendo a privatização, única alternativa, segundo eles, de trabalhar em uma empresa realmente dinâmica. Quanto ao custo da energia para o consumidor, reina a dúvida, embora não seja difícil imaginar o que poderá acontecer. Finalmente, sobre as condições de compra [cinquenta mil Reais + assunção de dívidas de 2,5 bilhões], não custa lembrar que dívidas são resgatáveis no futuro, e até lá muita coisa pode ser renegociada, recalculada, abatida, compensada, por aí...).


1. O CASO CEPISA - A privatização estranha da distribuidora do Piauí 

Por Ronaldo Bicalho

Esqueçam a polarização estatal x privado. Examinem o caso da CEPISA e vejam se, contando a história desde o início, a sociedade brasileira está realmente lucrando com essa maneira estranha de privatizar.

Leiam sobre a história dessa distribuidora de energia de um estado pobre do nordeste. Vejam se é razoável e honesto classificar a Eletrobras como ineficiente como têm sido as declarações do Dr. Wilson Ferreira, justamente o presidente da Eletrobras.

Vejam os investimentos feitos depois de 1997, quando, resultado de um plano de privatização mal feito, a empresa cai nas costas da Eletrobras. Que empresa privada suportaria os desafios? Para tentar entender o processo que conduziu à privatização da distribuidora de energia do Piauí, onde se misturam ânsia da entrega do patrimônio nacional e desídia governamental ao longo do tempo, traduzida, segundo críticos em geral e até entre o corpo funcional, em ineficiência e ineficácia. (Há até casos de funcionários defendendo a privatização, única alternativa, segundo eles, de trabalhar em uma empresa realmente dinâmica. Quanto ao custo da energia para o consumidor, reina a dúvida, embora não seja difícil imaginar o que poderá acontecer. Finalmente, sobre as condições de compra [cinquenta mil Reais + assunção de dívidas de 2,5 bilhões], não custa lembrar que dívidas são resgatáveis no futuro, e até lá muita coisa pode ser renegociada, recalculada, abatida, compensada, por aí...).
Reparem que o compromisso era privatizar, mas o poder político (não a Eletrobras) descumpriu o prometido. Mesmo assim, justamente por ter lucratividade nas suas outras atividades, a Eletrobras continuou investindo pesadamente na CEPISA.  De 2010 até 2017 o total atingiu R$ 2,3 bilhões. Foram “apenas” 29.000 km de linhas e 11 subestações acrescidas no período.
Todos os dados oriundos do “informe aos investidores” na página da Eletrobras e corrigidos pelo IPCA!

Infelizmente, por adotar o caminho fácil de não enfrentar os erros e os ganhos de grupos poderosos, a MP 579 resolveu baixar tarifas às custas da Eletrobras.
A Eletrobrás não consegue ser, ao mesmo tempo, o Luz para Todos, o quebra galho de privatização errada, a parceira minoritária amiga, a que dá bolsa MW no mercado livre e a que reduz tarifa sozinha.
Deu no que deu! Infelizmente a mídia nunca conta a história toda.
1914
De 1914 a década de 1960, o Piauí dispõe apenas de núcleos precários e isolados de geração e de distribuição de energia por meio de usinas termelétricas a lenha ou a óleo diesel, com fornecimento para zonas urbanas durante poucas horas da noite.
Na capital, Teresina, o suprimento é feito pelo Instituto de Águas e Energia Elétrica – IAEE e, no interior do estado, é de responsabilidade das Prefeituras Municipais.
1962
A Cepisa é constituída, em 8 de agosto de 1962, como Sociedade Anônima e razão social de Centrais Elétricas do Piauí S.A.
No final da década de 60, inicia-se a construção, em padrões técnicos, de um sistema integrado de produção, transmissão e distribuição de energia, possibilitando o surgimento de uma mentalidade empresarial para os serviços elétricos. Em 1969, a Cepisa tem apenas 13.805 consumidores.
1970
Entra em operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, construída pela COHEBE – Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança, e  o Estado  começa a dispor de energia suficiente para possibilitar a implantação de atividades econômicas de grande consumo de energia.
No mesmo ano, a Cepisa incorpora os acervos da Companhia de Eletrificação do Nordeste – CERNE  e da Companhia Luz e Força da Parnaíba – CLFP e passa a ser a única concessionária de distribuição de energia elétrica no Piauí.
De 1973 a 1978, a Cepisa desenvolve um Plano de Eletrificação para o Piauí,  interligando o sistema com a energia hidrelétrica  de Boa Esperança. No final de 1978, ano da conclusão da rede  básica de distribuição, a Cepisa conta  com 93.457 consumidores.
 1982
São construídas as duas grandes subestações de 69/13.8 kV – 40 MVA, nos bairros Jockey e Marquês, em Teresina, interligados à subestação da Chesf. Até então, são as maiores obras da  Cepisa  em porte físico e  volume de recursos.
1987
Lei Estadual nº 4.126 altera a razão social da Cepisa para Companhia Energética do Piauí e amplia o seu campo de ação.
1995
Construção da primeira linha de transmissão da Cepisa em 138 kV com 141 km de extensão – Piripiri/Tabuleiros.
1996
Construídas a subestação Macaúba 69/13.8 kV e 50 MVA, a terceira em Teresina, a linha de transmissão em 69 kV entre Picos/Itapissuma e a subestação Junco, em Picos.
1997
Eletrobrás assume controle acionário da Cepisa.
Iniciado o processo de alienação das ações de propriedade do Estado que integravam o capital social da Cepisa.
Numa primeira fase, a Eletrobrás amplia sua participação acionária na empresa para 48,86% das ações ordinárias e  assume, em 13 de janeiro de 1997,  a gestão da Cepisa  de forma  compartilhada  com o Governo do Estado.
Em 20 de outubro do mesmo ano, a Eletrobrás adquire o controle acionário da Cepisa de 98,8% e assume o compromisso de preparar a empresa para a privatização. (...) 
(Para continuar, clique AQUI).

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2. Quem é o controlador do grupo estrangeiro de olho na Eletrobras?
Por André Araújo

[Em 26/07] ocorreu a privatização da distribuidora de energia do Piauí, do grupo Eletrobras. O arrematante, como previsto, foi o grupo Equatorial. 

Esse grupo, ao qual estava ligado o antigo Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia Paulo Pedrosa, que por muitos anos foi de seu Conselho, se prepara para comprar o controle da Eletrobras, pelo menos é o que o mercado acha.

A Equatorial não tem grupo controlador final conhecido, o biombo de controle está por trás de três fundos de investimentos: a Squadra, com 14,7%, gerido pelo banco BNY Mellon, o Opportunity, com 9,8%, e o Black Rock, com 5,7%. Quer dizer, não se sabe oficialmente quem é o controlador estratégico.
Fundos de investimentos não são por definição controladores estratégicos, aqueles que tomam as decisões de comprar uma empresa.
Nos EUA e em todos os países centrais, empresas de serviços públicos têm que abrir quem é o controlador final, o chamado BENEFICIAL OWNER. Como são empresas que contratam com o Estado, o grupo que toma decisões precisa ser abeto e conhecido.
A Equatorial se esconde atrás de biombos para que não se saiba quem é que manda, o mercado acha que é o 3G Radar, do grupo Lemann, MAS o CONTROLADOR ESTRATÉGICO tem que ser conhecido para que o Estado saiba com quem está contratando. 
Esse esconde-esconde tem razão de ser quando chegar a hora da privatização da Eletrobras.  -  (Fonte: Aqui).
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(Sobre o Jorge Paulo Lemann, titular do grupo Lemann, clique AQUI).

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