segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

UM POUCO DE HISTÓRIA: HANS SPEIDEL, DA WEHRMACHT DE HITLER A GENERAL DA GUERRA FRIA


Hans Speidel, o general transformista da Guerra Fria

Por André Araújo

Os personagens da História de nossos tempos que sobrevivem ao caos da geopolítica são mais admiráveis do que aquelas personalidades de vidas lineares e previsíveis.
Como opera o aparelho mental de pessoas que operaram em regimes políticos completamente diferentes? Mais ainda, como funcionam os cérebros de pessoas que serviram a esses regimes totalmente opostos em cargos de comando?
O General do Terceiro Reich Hans Speidel era oficial de proa da Wehrmacht durante a Segunda Guerra. Foi Chefe do Estado Maior de Grupo de Exércitos sob os Marechais von Kluge e von Bock na Frente Leste, quando participou das batalhas de Kharkov e Stalingrado. Lutou em frentes de grandes e violentos confrontos, sempre em chefias importantes. Seu último posto foi o de Chefe do Estado Maior do Marechal Rommel, Comandante da Frente Oeste, com QG em Paris, e que foi o Exército a quem cabia deter a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944.
Foi identificado como parte do grupo do atentado contra Hitler em Julho de 1944 (chefiado pelo Coronel von Stauffenberg), preso pela Gestapo por 7 meses, na repressão a esse ato que quase matou Hitler e que custou a vida de centenas de oficiais. Speidel miraculosamente não foi executado como tantos outros  ligados ao atentado, incluindo seu superior Marechal Rommel, "suicidado" pelo regime por condescendência com o atentado para livrar a pátria do Ditador.
Acabada a guerra, Hans Speidel escapa de punição como General da Wehrmacht e se recicla com enorme capacidade política tornando-se, 12 anos depois, Comandante Supremo das Forças Terrestres da OTAN, com sede em Paris, a mesma cidade onde era General da ocupação alemã e onde, em 1937, tinha sido Adido Militar na Embaixada alemã na França antes da guerra, na famosa Embaixada chefiada pelo ás da sedução Otto Abetz, que preparou a derrota vexaminosa da França em Junho de 1940, através da "colaboração" de altos oficiais, imprensa e políticos franceses.
Speidel, sem perder o porte e a pose de General, troca de farda, bandeira e lealdade, seus chefes são os Presidentes e Reis da Europa Ocidental anteriormente inimigos da Alemanha. Haja mudança de vida e caminhos; só espíritos superiores são capazes dessas "viradas" de lado, tal qual um Talleyrand, que serviu a oito regimes, desde o Terror revolucionário de Robespierre até Luis XVIII, o Bourbon restaurado de 1815 e irmão do Rei Luis XVI, guilhotinado sob  decreto que levava a assinatura do mesmo Talleyrand.
Nos próximos dias vou relatar a biografia de outro ás do transformismo, Markus Wolff, criador da STASI, a maior rede de espionagem da Europa na Guerra Fria, a polícia política da Repblica Democrática Alemã, e que, com o fim da União Soviética, passa para o outro lado e se torna o cozinheiro-astro de um programa da gastronomia na TV alemã onde o mesmo super espião ensina como preparar pratos clássicos da cozinha francesa. São ases da vida em movimento. (Fonte: Aqui).

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Speidel foi o que se pode chamar de vira casaca. Vira casaca, virar casaca? De onde vem a expressão 'VIRAR CASACA'?

De Sérgio Rodrigues - (aqui):

"Embora esteja consagrada no vocabulário esportivo, “virar casaca” é uma expressão antiga, anterior à existência do futebol. É no campo da política que está sua origem, como comentário mordaz sobre aquela versatilidade oportunista que leva algumas pessoas a mudar de convicção ao sabor das conveniências.
Em seu livro “Locuções tradicionais do Brasil”, Luís da Câmara Cascudo sugere que a importamos do francês tourner casaque, “mudar de partido político”. Subentende-se aí a referência às cores de cada partido estampadas nas vestes do correligionário, claro. Mas por que se diz “virar” e não, simplesmente, “trocar de” casaca?
Aí é que está a graça. Segundo a enciclopédia Larousse, porque só precisavam vesti-la do avesso aqueles que “tinham tomado a precaução de forrá-la com as cores do partido inimigo”.
Câmara Cascudo acrescenta, sem depositar muitas fichas na veracidade da informação, a curiosa história do rei da Sardenha que teria dado origem – ou pelo menos publicidade – à expressão:
Contam que Carlos Emanuel III de Savoia (1701-1773), defendendo seu ameaçado patrimônio territorial, aliava-se aos franceses ou aos espanhóis, conforme a utilidade, usando alternadamente as cores nacionais desses países em sua casaca de gala."

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