quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O IMPEACHMENT E A PÓS-VERDADE


"A matéria mais lida esta semana no DCM (Diário do Centro do Mundo) dizia respeito a um empresário, Flávio Rocha, dono da Rede Riachuelo. Rocha desprezava os programas sociais, ele que já foi acusado de promover trabalho semiescravo.

O título de nosso texto: “Estado Robin Hood acabou”, diz dono da Riachuelo, condenada a pagar pensão mensal a costureira que colocava elástico em 500 calças por hora... Os leitores se indignaram, e a nota viralizou.

Rocha, isto não estava em nosso texto, teve um papel expressivo no golpe.

Ele foi um dos primeiros empresários a defender a queda de Dilma publicamente.

E usou uma tática que hoje, passados seis meses, sabe-se que foi uma infame mentira destinada a ludibriar brasileiros desinformados.

Numa entrevista à BBC, ele afirmou que a economia se recuperaria “instantaneamente” com o impeachment.

Repito: instantaneamente.

Ele foi adiante:

O impeachment vai significar o fim desse ciclo que eu acabei de mencionar. Temer tem grande habilidade política e seria capaz de dar um propósito (ao governo) e criar homogeneidade de ação no Congresso. O PMDB tem um plano de governo que acredito ser a síntese das medidas mais urgentes para o Brasil hoje – o Ponte para o Futuro. Tenho a impressão de que, com o compromisso de não ser candidato a reeleição, Temer vai fazer do seu grande projeto de vida colocar em prática essas medidas e garantir a transição. Seria um legado excepcional para o próximo presidente.

Legado excepcional. Pausa para rir.

A dura realidade mostrou o real legado de Temer, e a brutalidade das mentiras que foram contadas para embelezar a narrativa do golpe.

Quem paga por isso?

Como demonstra o Tijolaço (...), a “recuperação econômica” só existiu nas colunas de jornal, alimentadas por palavras como as de Rocha, destinadas a desestabilizar a democracia e destruir 54 milhões de votos. As fábricas brasileiras trabalham hoje com o menor índice de ocupação em 16 anos.

No mundo real, a economia não apenas piorou como a crise política deu um salto formidável. Onde o PMDB com seu plano perfeito para o Brasil, como disse Rocha?

Os historiadores da posteridade haverão de registrar as manobras sujas com que foi tramada a destruição da democracia: mentiras, mentiras e ainda mentiras.

O dicionário Oxford acaba de eleger a palavra do ano, inspirada na campanha cheia de lorotas de Trump: “pós-verdade”.

Pois é.

A “pós-verdade” é o retrato perfeito do golpe sofrido pelo Brasil."







(De Paulo Nogueira, titular do 'Diário do Centro do Mundo", post intitulado "As mentiras que os golpistas contaram para derrubar Dilma" - AQUI -, publicado no citado blog.

Qual nada!: até mesmo no segundo semestre de 2018 - admitindo que tudo continuará 'fluindo numa boa', como hoje se observa - dirão, sem corar: "Não foi por falta de empenho; nossas boas intenções foram prejudicadas pela herança maldita que recebemos do governo anterior". E tudo bem, até porque o sucateamento terá, enfim, sido concluído, a Constituição já terá sido vilipendiada e a bolsa mídia se apresentará recheada como jamais se viu).

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