A palhaçada de Clint Eastwood
Por Paulo Nogueira
E não se fala de outra coisa nos Estados Unidos: a bizarra conversa entre
Clint Eastwood e uma cadeira vazia na convenção republicana que sagrou Mitt
Romney como o adversário de Obama em novembro. “Uma das cenas mais estranhas da
política americana”, escreveu o Washington Post.
Na cadeira vazia estava, imaginariamente, Obama. Foi o suficiente para
que no twitter imediatamente surgisse uma conta chamada “Invisible Obama”, com
milhares de seguidores em minutos.Clint estava dando uma dura em Obama. Ao longo de dez minutos, cobrou a realização das promessas. Disse que quem não entrega tem que ser demitido.
A verdade é que pareceu mais um ato cômico do que político, uma espécie de piada pronta. Poucos parecem acreditar que o monólogo de Clint ajudará Romney. Infelizmente para Clint, seu ato com o Obama Invisível se eternizará, e competirá com momentos extraordinários de sua carreira aos olhos da posteridade.
Não foi a única palhaçada da convenção republicana. O vice de Romney, Paul Ryan, ao criticar Obama, falou no fechamento de uma fábrica da GM. Na verdade, essa fábrica foi fechada na gestão de George W Bush, republicano como Ryan e Romney.
Interpelado por um jornalista da tevê americana sobre o erro, Ryan, ao melhor estilo de Maluf, em nenhum momento respondeu à questão que lhe foi colocada sobre seu erro.
Obama é culpado de muitas coisas. Não mudou na essência os Estados Unidos, e frustrou as esperanças de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Mas.
Mas não se pode esquecer que ele herdou uma situação horrorosa. Os Estados Unidos sob Bush se transformaram, para usar uma expressão de Ronald Reagan sobre a União Soviética, num Império do Mal em processo de decomposição.
Imagine um médico a quem é dada a incumbência de salvar um paciente terminal. É mais ou menos isso que aconteceu com Obama. (Fonte: aqui).
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De fato, há atenuantes quanto a Obama, entretanto é indiscutível que tem culpa no cartório.
Um observador arguto anotou: "A questão é que Obama compactuou com as políticas da direita. Não fechou Guantánamo, não regulou os bancos e, ainda por cima, nomeou conservadores para lidar com o setor financeiro." - Ao que outro contrapôs: "Clint pode tudo.", o que mereceu singela observação de um outro: "O comentário anterior me lembrou um episódio com Nilton Santos, a 'Enciclopédia do futebol'. Certa vez, ele fez um comentário que gerou polêmicas. Não me lembro o assunto. Aí, alguém escreveu: 'Ele pode falar o que quiser, simplesmente porque ele é Nilton Santos'. O episódio do Clint foi cômico, mas ele pode."
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