O Veríssimo, ontem, 18, no Globo, falou sobre o Glauco e sobre os outros dois da famosa trinca “Los Tres Amigos” da Folha de São Paulo. Ele afirmava que “depois da Semana de Arte Moderna, ninguém tinha feito literatura paulista como os cartunistas.” Ele estava se referindo aos três meninos da Folha. Adorei ter ouvido essa afirmação partida do Veríssimo que, além de bem informado (helás!) é um cara atento para o que se passa à nossa volta. É que há algum tempo escrevi por aí que a Rebordosa do Angeli era a maior figura feminina da literatura brasileira. Falei claro: literatura. Assustei alguns amigos, que me interpelaram: “E a Capitu? E a Maria Moura? E a Ana Terra? E a Gabriela do Jorge mais a Madalena do Graciliano?”
Tudo bem, elas são ótimas, mas é que ninguém pode imaginar que vá encontrar na história-em-quadrinhos, nas tiras diárias de um jornal, um personagem literário com a dose de humanidade de uma Madame Bovary, por exemplo, com toda aquela complexidade, todo aquele horror e êxtase da existência humana.
Tem um negócio no folclore literário chamado “o eterno feminino” que é, em síntese, a revelação de todas as contradições da chamada condição feminina. Pois isto está, linda e competentemente, contido na construção em duas magníficas personagens da HQ: a Rebordosa e a Grauna do Henfil (olha o Henfil entrando com força nessa história). Além de elas serem a coisa mais mulher que um artista pode imaginar, as duas foram expressões fantásticas de seu tempo. É isso aí.
(Interessante, menino Ziraldo. Mas, limitando-nos à Capitu, observamos: Rebordosa tem 25 anos, Capitu, de Dom Casmurro, 111. "Dá pra confrontar não, mano, é muito chão", diria Rê).
Um comentário:
Interessantisismo post, Dodó. Eu nunca havia pensado, mas é claro que essas minas merecem estar no rol de grandes personagens da nossa literatura.
Postar um comentário