quinta-feira, 2 de julho de 2020

PROCURADORES DE CURITIBA CAMUFLAVAM NOMES DE AUTORIDADES PARA ESPIONÁ-LAS

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É certo que as denúncias do Intercept Brasil sobre a até então intocável Lava Jato incomodaram um bocado, mas logo as revelações foram, digamos, demolidas pelo establishment, que as tratou como coisa orquestrada. Mas a luz amarela acendeu no quartel general da Operação quando o atual governo, descartando a escolha em lista tríplice, nomeou Augusto Aras Procurador-geral da República. Com a ruptura Moro X Bolsonaro, Aras tratou de mandar sua equipe (clique Aqui para conhecê-la) revisitar denúncias que, sem a devida elucidação, haviam sido solenemente arquivadas por gestões anteriores. E novas denúncias também, além de uma outra questão importantíssima, a 'estrutura feudal' reinante na PGR, com forças-tarefas mandando mais do que ela, aberração sem tamanho.
Cumpre aguardar os desdobramentos. Lembrando que o establishment não vai jogar facilmente a toalha.


Da Conjur

A Procuradoria-Geral da República viu investigação "camuflada" da autodenominada "força-tarefa da lava jato" em Curitiba sobre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP).

Quem for investigar as ações desse grupo, poderá se espantar com ousadias como a de pedir quebra de sigilo de altas autoridades da República pelas partes menos conhecidas de seus nomes, mas com o CPF certeiro do alvo. Talvez pessoas chamadas "Rodrigo Felinto" ou "Davi Samuel".

A informação foi antecipada por este site, mas coube à reportagem do jornal digital Poder 360, tornar público o documento. A manobra estava embutida em uma extensa denúncia de 13 de dezembro de 2019, mas ninguém havia se dado conta do truque. Os nomes completos de ambos: Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia e David Samuel Alcolumbre Tobelem — respectivamente, presidentes da Câmara e do Senado.

O time do procurador-Geral da República, Augusto Aras, vem apurando patranhas praticadas nas gestões passadas, grande parte delas subordinadas às campanhas eleitorais da lista tríplice para escolha do procurador-geral da República. A avaliação é que essa "camuflagem" dos nomes seria uma técnica para os procuradores investigarem autoridades sem se submeter aos foros adequados.

A PGR em Brasília encontrou vários casos semelhantes. Haveria até nomes incompletos de ministros do STF, que podem ter tido seus sigilos quebrados de maneira irregular.

Até agora, não há provas de que de fato os nomes camuflados em denúncias possam ter sido todos investigados. É isso que a PGR em Brasília agora tenta descobrir.

O incômodo do grupo de Curitiba começou com pedido da PGR para ter acesso a dados. A ida da procuradora Lindora Araújo ao Paraná para cumprir a decisão de Brasília motivou abertura de sindicância a pedido da força-tarefa curitibana.

A denúncia de dezembro do ano passado envolve Walter Faria, do Grupo Petrópolis, por suposta atuação em 642 atos de lavagem de dinheiro. O esquema teria tido participação de outras 22 pessoas e movimentou R$ 1,1 bilhão.

A PGR já sabe, segundo apurou a ConJur, que o consórcio de Curitiba abriu mais de mil inquéritos nos últimos cinco anos, que não foram encerrados. Além de equipamento de interceptação telefônica, a "força-tarefa" adquiriu três Guardiões, mas dois deles sumiram. Grande parte do acervo de gravações foi apagado no ano passado. Há fortes indícios de distribuição de processos fraudada e outras ilegalidades.

Em nota apócrifa, os procuradores do Paraná chamaram a reportagem da ConJur de "fake news".  -  (Aqui).

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