sábado, 11 de julho de 2020

GOVERNO BOLSONARO NÃO CONSEGUIRÁ CONVENCER INVESTIDORES, DIZ PESQUISADOR

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Ontem, 10, foi a vez de o vice-presidente da República reunir-se com investidores (e potenciais investidores) nacionais. O fato novo: o general Mourão admitiu expressamente que não poderia cometer a leviandade de assegurar que o Brasil cumpriria suas obrigações relativamente à preservação da amazônia, visto que não haveria como 'reverter' o desmatamento e as queimadas já perpetradas. Enquanto isso, mantém-se no cargo, firmemente, o ministro do Meio Ambiente, um dos mais aguerridos algozes da preservação ambiental.
Num tempo de perdas acachapantes em tantos fronts, com o País sob o jugo da pandemia avassaladora da covid-19 (ultrapassada a marca de 70 mil óbitos), o governo brasileiro compromete os interesses nacionais ao, por exemplo, favorecer perdas para o agronegócio, haja vista a ação de países da União Europeia contrários ao acordo com o Mercosul.
'Nem tempo, nem verba' - como diria o general -, nem engajamento, nem vontade política. O pior dos mundos.


O discurso tomado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, nos últimos dias, tentando convencer os investidores internacionais a manter os seus negócios no Brasil, será em vão. Essa é pelo menos a opinião do pesquisador Carlos Rittl, doutor em biologia tropical e ex-secretário-executivo do Observatório do Clima, em entrevista dada à BBC Brasil. Segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro precisará fazer mais se quiser manter os investimentos estrangeiros no país.
Rittl é pesquisador sênior da Universidade de Potsdam, na Alemanha, e analisa justamente o impacto do desmatamento na economia global, principalmente no acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. De acordo com ele, a ratificação deste acordo é hoje ameaçada pela política ambiental do governo de Jair Bolsonaro que, segundo ele, representa “o oposto” do que foi assinado pelo Brasil no acordo.
“O acordo traz obrigações como o não retrocesso ambiental; o respeito aos direitos dos povos indígenas, o respeito aos direitos humanos, o respeito aos direitos trabalhistas e o compromisso de cada uma dos países com a implementação do acordo de Paris. Nós estaremos muito mal, se alguém olhar aquilo com que o Brasil se comprometeu com os demais países, e aquilo que está acontecendo no chão”, afirmou à BBC.
E essa falta de compromisso na prática com as medidas ambientais é mal vista pelos empresários internacionais. “Os investidores sabem disso e não vão ser convencidos por uma retórica, ou uma estratégia de comunicação. Não é o marketing que vai conseguir mascarar o que os satélites mostram”, disse. “Ainda assim, o governo ainda insiste que o esforço de comunicação é mais importante que o combate ao crime e ao desmatamento e à violência contra os povos indígenas. Isso não vai gerar resultados”, completou.
Um pouco do que o pesquisador apontou é refletido nos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) que, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, mostram que o desmatamento na Amazônia neste mês continua aumentando e é o maior desde 2016. Os dados são coletados pelo Deter, do Inpe, que mede a derrubada da floresta em tempo real. Ainda, de acordo com reportagem do Estadão e divulgado no GGN, a área desmatada neste mês é comparável à cidade de Belém, no Pará.
Entretanto, o governo de Jair Bolsonaro vem tentando minimizar os impactos ambientais das políticas adotadas pelo mandatário, que provocaram, inclusive, uma sinalização, no final de junho, com o envio de uma carta por um grupo de investidores estrangeiros manifestando preocupação com a política ambiental do Brasil.
Nesta quinta (09), Mourão participou de uma videoconferência com os empresários para tentar convencê-los de que o governo de Jair Bolsonaro estaria tomando iniciativas e comprometendo-se a atuar a favor da Floresta Amazônica e contra os desmatamentos.  -  (Jornal GGN - Aqui).

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