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Algo nos diz que o senador Moro NÃO ingressará em juízo contra o promotor Lincoln Gakiya (abaixo), por injúria, e muito menos por denunciação caluniosa. As informações alinhadas no presente artigo não podem chegar aos estúdios da CNN ou GloboNews. Seria por demais constrangedor.
Até quando o senhor Moro colherá os louros da vitória, 'dando aula' nas cátedras e na tribuna?
O promotor de São Paulo Lincoln Gakiya, um dos alvos do PCC no plano de execução de autoridades nacionais – debelado nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal -, recebe ameaças de morte da organização criminosa desde 2004, quando deu início ao trabalho de investigação e denúncia dos líderes do tráfico de drogas em São Paulo.
Mas, de acordo com ele, foi graças à inação do senador Sergio Moro (União-PR), enquanto era ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em 2019, que foi criado o último plano concreto do PCC para tirar a sua vida.
Para Lincoln Gakiya, Sergio Moro é um mentiroso (“mentiu mais de uma vez e é mal-informado”), fez uso político das ações dele, Gakiya, para tomar para si os méritos da transferência de Marcola (Marcos Camacho) para um presídio federal em Rondônia e não se preocupou com a segurança dos agentes da lei envolvidos na operação.
As mentiras de Moro e a transformação do promotor em alvo prioritário do PCC
No dia 13 de fevereiro de 2019, as manchetes dos principais veículos da mídia comercial estampavam, com pequenas variações, a seguinte manchete: “João Doria transfere Marcola com ajuda de Sergio Moro”.
Alguns sites e jornais foram além, celebrando a transferência do traficante como o primeiro golpe do então ministro da Justiça contra o crime organizado no Brasil. “Informou”, por exemplo, um grande portal:
O ministro da Justiça, Sergio Moro, deu hoje seu primeiro grande passo no combate ao crime organizado com a transferência de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Marcos Henrique Camacho, o Marcola, e mais 21 suspeitos de integrar o grupo foram removidos para presídios federais.
A verdade, porém, não assiste à imprensa, pelo menos de acordo com Lincoln Gakiya, o responsável pelo pedido à Justiça de São Paulo pela remoção de Marcola e outros líderes da facção.
Crítico há anos de Sergio Moro e seus métodos de atuação política, o promotor explicou, no dia 30 de junho de 2020, em entrevista ao jornal “El País”, que o então ministro da Justiça nada teve a ver com a transferência.
Pelo contrário: por motivos políticos, Moro teria inclusive se afastado da operação, contrariando compromisso assumido por ele e por Jair Bolsonaro de dar suporte ao promotor no combate ao PCC, deixando-o como alvo prioritário da organização criminosa. Leia abaixo o que disse o promotor ao periódico espanhol em junho de 2020:
“Existe uma ordem da cúpula do PCC para que me matem. Acabei sendo o único responsável pela transferência, no começo de 2019, dos líderes para o sistema penitenciário federal. Era uma questão de segurança, porque havia um plano iminente de resgate.
Houve um acordo inicial para que a solicitação fosse coletiva, dos secretários estaduais de Segurança, das administrações carcerárias (Ministério da Justiça), do Ministério Público e minha, mas coincidiu com uma época de transição política muito difícil, desistiram, e me vi compelido a fazer sozinho.
Portanto a solicitação não foi feita, com todo respeito, nem pelo (então) ministro da Justiça, Sergio Moro, nem pelo (então) governador de São Paulo, João Doria. Eu assinei o pedido e o juiz tomou a decisão. Para o PCC, acabei como a figura pública que pediu historicamente sua transferência para fora do Estado de São Paulo, e ficou como uma coisa pessoal. E isso é ruim.”
Acostumado a mentir, Jair Bolsonaro, durante sua campanha à reeleição, em outubro de 2022, repetiu mais duas vezes a mesma inverdade, sendo a segunda vez auxiliado pelo então candidato ao Senado Sergio Moro, durante debate realizado pela TV Globo. Assim mentiu o então candidato:
“Teve que eu chegar em 2019, juntamente com o ministro Sergio Moro, para que nós então tirássemos o Marcola de presídio estadual aqui em São Paulo e mandasse para um presídio federal.”
Novamente, coube ao promotor Lincoln Gakiya desmentir a dupla, o que fez em mais de uma oportunidade. No dia 29 de outubro de 2022, em entrevista ao site Metrópoles, o promotor explicou de novo que o governo federal nada teve a ver com a transferência da cúpula do PCC para fora do Estado de São Paulo.
Também aproveitou para desmentir outra fake news muito repetida pelo então presidente em campanha pela reeleição, de que os líderes do PCC mantinham um diálogo frequente com lideranças do Partido dos Trabalhadores no ano de 2006, e que, por causa disso, os traficantes não teriam sido transferidos naquela época para presídios fora de São Paulo.
No dia seguinte, o promotor deu nova entrevista, desta vez para a agência de notícias “Estadão Conteúdo”, dizendo com todas as letras que Sergio Moro era “mal-informado” e que contava reiteradas mentiras. Leia trechos abaixo:
“Não há e nem poderia haver nenhuma ingerência do governo federal, seja através do presidente Bolsonaro, seja através do ministro Moro nessa remoção, até porque, como já mencionei, não lhes cumpria fazê-lo, portanto é mentirosa a afirmação do Moro que após dois meses de governo eles ‘determinaram’ a remoção do Marcola para o sistema federal.
(…)
Pode consultar o processo de remoção e verá que não há lá uma linha sequer com assinatura de nenhum desses políticos.
(…)
Nos entristece saber que políticos e até um ex-juiz alterem a verdade para tentar obter algum ganho político dessa história. No final dessa história fiquei com o ônus da operação, pois o PCC sabe que sou o ‘único’ responsável por ela e os políticos com o bônus.”
Na mesma entrevista, o promotor ainda desmentiu novamente a história de que o PT teria agido, no ano de 2006, para que Marcola e seus comparsas permanecessem presos em São Paulo:
“Moro, de maneira deliberada e intencional, inverte a verdade. Mente outra vez o Moro ou está mal-informado porque, em 2006, nunca se cogitou, seja pelo governo do Estado de SP, seja pelo Ministério Público, pedir a remoção dos presos para o sistema penitenciário federal.” - (Aqui).
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