domingo, 15 de janeiro de 2023

"HOJE TENHO MAIS MEDO DE PERDER A MINHA LUTA DO QUE A MINHA VIDA", DIZ HILDEGARD ANGEL

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Antes, o comentário deste Blog:
Uma semana atrás, quando abri a GloboNews vi logo um mar de gente, que, soube depois, fora orientado gentilmente por militares a lá estar: a Praça dos 3 Poderes, Distrito Federal. De repente, um grupo rompe a patética barreira policial e se dirige às sedes. Tudo muito tranquilo. Então fiquei a pular do UOL pro 247, DCM, GGN, mas sem desgrudar da TV. Uma perplexidade danada. Vidraças quebradas, granadas estouradas, uma eufórica barbárie, a transgressão mais facilitada que se possa imaginar. Um simplório espectador à cata de informações. Pra quê? Só pra saber, mesmo, a exemplo dos demais legalistas espalhados por aí. Ao final, nenhum morto, ao contrário do que se vira dois anos antes, no Capitólio, quando seis vidas foram ceifadas - conforta-se o Ministro Flávio Dino. Glória que eleva mas não consola, diria o Bruxo do Cosme Velho.
(Louvemos, nada obstante, a perspicácia do Presidente Lula: apelando para o Poder Militar e sua Garantia da Lei e da Ordem, estaria jogando o País em mais um ciclo sombrio - e era esse o recôndito propósito. Daí o eloquente silêncio presidencial).
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"Não Temos Mais Tempo Para Ter Medo"


A jornalista Hildegard Angel deu um forte depoimento durante a estreia do ‘Morde e Assopra’, novo programa da TV 247, à luz da tentativa de 
golpe de estado bolsonarista do dia 8 de janeiro. Hilde recordou da luta contra a ditadura militar e expressou sua profunda indignação com o mais recente, e mais grave, atentado à democracia brasileira.

“Mesmo na ditadura eu demorei para entender que aquilo era um projeto de estado. Durante muito tempo eu achei que aquilo era um projeto de um grupo num gueto do mal que havia se assenhoreado do país para fazer maldades, mas que havia pessoas boas. Eles têm que nos provar isso agora… Nós não estamos mais para botinadas. Não podem mais abrir a porta da República brasileira aos botinões para tomar o país para si. O que é isso? Quais são as suas especializações para, como vimos agora, oito mil cargos civis, cargos técnicos, cargos de especialistas entregues a pessoas que não tinham essa especialização, que eram das forças militares. Talvez algumas até tivessem, mas em geral não eram. Em nome de quê? De perpetuar o Bolsonaro no poder? E não houve um militar que visse isso, que se insurgisse contra isso? Não vamos ser coniventes com isso, com a deterioração de todas as áreas do país para perpetuar o Bolsonaro no poder e para perpetuar os militares no poder. A pátria não foi feita para isso. Nenhuma pátria no mundo foi construída para isso. Nós temos dignidade, nós temos história, nós temos ambições pessoais. Não quero voltar a ser um cordeirinho durante 21 anos, não quero. Não quero voltar a ser mansa, não quero. E se me perguntarem o que eu tenho mais medo de perder, se é a minha vida ou se é a minha luta, eu digo que tenho medo de perder a minha luta”, disse Hilde.

“O que aconteceu domingo era tão esperado, era tão sabido. Eu vi o Joaquim de Carvalho entrevistar aquela senhora que estava organizando os ônibus para irem para Brasília. Ela foi tão clara nos seus objetivos: ‘vamos acabar com tudo!’. Havia objetivos tão claros. Como isso não foi levado às instâncias superiores? Como isso não foi levado? É o nosso país, são as nossas vidas, são as nossas construções, são os nossos anos de trabalho que foram e que virão a ser. Não podemos entregar isso de bandeja porque temos medo. Nós não temos medo, não temos mais tempo para ter medo”, finalizou a jornalista do 247, emocionada. - (Aqui).

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