O ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi anunciado no domingo (29) como novo diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal. Trata-se do escritório que atua como administradora judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato. À TV Globo, o ex- ministro confirmou a nova função e informou que não vai se pronunciar no momento.
No anúncio divulgado em seu site, a empresa afirma que o ex-juiz vai comandar a área de disputas e investigações a partir de dezembro. O objetivo, segundo o comunicado, é que Moro possa “desenvolver soluções para disputas complexas, investigações e questões de compliance” para os clientes da empresa, com base em sua experiência governamental.
Como juiz federal no Paraná, Moro conduziu os processos da Operação Lava Jato. O anúncio destaca ainda que Moro é “especialista em liderar investigações anticorrupção complexas” e também em estratégias de compliance.
(…). - (Aqui).
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Comentário deste Blog
"o ex- ministro confirmou a nova função e informou que não vai se pronunciar no momento."
O G1 deveria ter sido mais, digamos, específico: em vez de ex-ministro, ex-juiz. O ex-juiz informa que não irá se pronunciar no momento. Mas o fará, sim, em breve: a OAB anunciou que o interpelará acerca desse eloquente ato. (Além da Odebrecht, a OAS integraria o rol de 'administradas').
Em seus endeusados pronunciamentos enquanto magistrado, o ínclito Moro costumava aludir ao termo "poderosos" para demonstrar a dureza do desafio que abraçara: "Não pouparemos empenho no combate aos poderosos!!".... "Os poderosos se utilizam de todas as brechas legais!!" etc, etc.
Mas, quem é mesmo o verdadeiro poderoso, que pintou e bordou nas operações Banestado e - notadamente - Lava Jato, pisoteando a bel prazer a Constituição, orientando procedimentos do Ministério Público, fazendo e acontecendo? A resposta poderia ser facilmente dada pelo falecido ministro Teori Zavascki (1948 - 2017), que, relator da Lava Jato no Supremo, marcava cerrado o poderoso personagem, chegando ao ponto de, certa feita, interpelá-lo formalmente em face da prática de grave irregularidade - ao que o intocável, sem ter pra onde correr, humildemente pediu, por escrito, escusas, atribuindo o 'vacilo' a um lamentável equívoco. (Ao que consta, tempos depois da morte do ministro Zavascki, o poderoso declarou em entrevista a veículo amigo que nunca incorrera em falha quando da condução da Lava Jato e que portanto jamais tivera de pedir desculpas a quem quer que seja).
Quanto à Odebrecht (esqueçamos a OAS por enquanto): Quais as circunstâncias que marcaram as (quase) 80 delações de pessoas ligadas à Odebrecht (diretores, basicamente) e que são do conhecimento do ex-juiz? Como se explica uma 'construção' dessas, presentemente?
Resumindo: Tudo o que diz respeito a essa questão ultrapassa a suspeição.
Nota: Quanto à prestação de serviços de 'Compliance' - parte das futuras atribuições do ex-juiz da Lava Jato -, era esse o filão que muitos procuradores planejavam explorar, a partir de empresa especificamente criada para tal fim, após a aposentadoria. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima teria manifestado esse propósito, que correria sob os auspícios da Fundação Lava Jato, que deu no que deu... mas ai já é uma outra história. Ou não?!).
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ADENDO
."Empresa que contratou Moro receberá quase R$ 35 milhões da Odebrecht e da OAS" - Brasil 247 - Aqui.
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