terça-feira, 22 de dezembro de 2020

"AOS SUÍNOS, MEU ETERNO RESPEITO": QUEM É O PROFESSOR QUE MANTEVE MADALENA EM CONDIÇÃO DE ESCRAVIDÃO EM MG

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O escravista professor (já afastado) praticou ao longo de anos um crime continuado. Não um crime, corrijo-me, mas um concurso de crimes  (cárcere privado, constrangimento ilegal, apropriação indébita...). Merece punição rigorosa, além de execração pública. Que a sofrida, vilipendiada  Madalena (confira Aqui a humilhante jornada) passe a exercitar plenamente a sua dignidade e cidadania. 
(Este comentário poderia ser feito ao final do texto abaixo; por que foi feito desde logo? Explico: é que o título da postagem destaca a exaltação aos suínos, feita pelo solerte professor na apresentação de sua tese, como que sugerindo algo destoante. Mas, vejamos, o professor leciona sobre zootecnia, e em sua tese aborda alimentação de leitões desmamados, por aí; logo, é bem provável que na referida tese discorra sobre as qualidades da carne suína, além de aludir aos benefícios proporcionados pelos suínos à medicina [circulação sanguínea, transplantes de órgãos etc]. Nenhuma estranheza, pois, quanto à 'reverência' aos suínos manifestada pelo espertalhão no fechamento de seus agradecimentos). 


Por Alceu Castilho

Estava lendo sobre Dalton, o professor de Zootecnia que manteve durante décadas Madalena Gordiano (em um quarto pequeno em Patos de Minas) como trabalhadora doméstica, em condições análogas à escravidão. Ela foi libertada no fim de novembro.

O Fantástico contou essa história na noite de ontem. Mostrou Madalena finalmente andando em um parque. Falando do dinheiro (dela) que agora ela poderá administrar. Pois antes o professor — segundo o Ministério Público do Trabalho — o confiscava.

Bem. Dalton Cesar Milagres Rigueira, professor universitário em Patos de Minas, formou-se em Viçosa (MG). Não é de família rica, pelo que pude apurar. Pai e mãe (que adotou ilegalmente Madalena quando ela tinha 8 anos) são sócios numa auto elétrica.

O que mais me chamou a atenção foram as dedicatórias em sua tese de doutorado, defendida em 2014 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os agradecimentos começam com as seguintes palavras: “A Deus, por me guiar nesta caminhada”. (Mais à frente ele insere uma epígrafe atribuída a Chico Xavier: “O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum… é amar mais ou menos”.)

Depois ele agradece à UFMG. À empresa do agronegócio que permitiu a realização do experimento — algo sobre plano de nutrição para leitões desmamados.

Em seguida ele agradece ao seu orientador e a outro professor. Ato contínuo, à esposa Valdirene — igualmente investigada, como ele, por diversos crimes relacionados à exploração de Madalena.

As filhas, os pais e irmãos também são lembrados. Muito justo.

Como era de se esperar, Madalena, definida pela defesa do professor como “praticamente alguém da família”, não aparece entre os homenageados. É ela a grande ausente.

Dalton agradece ainda a uma mulher que o hospedou em Belo Horizonte. A dois professores “pelas caronas”. A todos os funcionários da granja que o ajudou na pesquisa. Menciona dois amigos.

Por fim, encerra os agradecimentos com as seguintes palavras:

“Aos suínos, meu eterno respeito”.  -  (Fonte: Diário do Centro do Mundo - Aqui).

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