terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MARINA E A OUTRA REDE

Nani.

Marina Silva lança Rede: que partido será esse?

Por Ricardo Kotscho


Gosto muito da Marina Silva, principalmente pela coragem de lutar por seus ideais, desde quando nos conhecemos, muito tempo atrás, nos movimentos sociais lá no Acre.

Apesar da velha amizade, porém, às vezes tenho dificuldades para entender o que ela quer dizer e como pretende atingir seus objetivos. A última conversa mais longa que tivemos foi quando ela deixou o Ministério do Meio Ambiente, no final do governo Lula, e foi para o PV.

"Marina foi mordida pela mosca verde", foi mais ou menos o título da entrevista que publiquei aqui no Balaio, já antecipando sua entrada no Partido Verde para se candidatar à Presidência da República, projeto que ela ainda negava e seria inviável se permanecesse no PT.

E Marina acabou sendo a grande surpresa das eleições presidenciais de 2010, quando alcançou 20 milhões de votos, provocando um segundo turno entre Dilma e Serra.

Logo depois da eleição, ela deixaria o PV ao descobrir que o partido, assim como os outros, tinha donos e os verdes mais antigos não pretendiam abrir mão do seu poder na direção para dar espaço aos "marineiros" que chegaram depois.

Os seguidores de Marina, autodenominados "marineiros" e sonháticos", começaram desde então a planejar um novo partido para chamar de seu, diferente de todos os outros.

Mil e uma reuniões depois, finalmente eles promovem neste sábado, em Brasília, um evento bastante festivo para lançar oficialmente a Rede, nome provisório do novo partido, que precisa juntar 500 mil assinaturas até o dia 23 de setembro para poder disputar as próximas eleições.

Como aconteceu ao trocar o PT pelo PV, também agora Marina nega que o objetivo principal seja lançar sua candidatura à Presidência. "Se dentro dessa estratégia uma candidatura, seja lá de quem for, que esteja apto a levar nossas ideias para frente, se colocar, nós vamos até ter candidato", desconversou.

A pedido dela, a coordenação do evento até vetou o uso de imagens da ex-senadora no local do encontro, o Espaço Unique, assim como em material de divulgação, para evitar que a nova sigla seja chamada de "Partido da Marina", o que parece meio inevitável.

Em reuniões fechadas durante toda a sexta-feira, os líderes da Rede discutiram o estatuto do novo partido e o nome de batismo. Algumas propostas, digamos, mais exóticas, provocaram discussões, como não aceitar doações de empresas, mas apenas de pessoas físicas, e a de limitar o mandato de seus parlamentares a 16 anos (alguns acham que oito anos está de bom tamanho).

Até agora, nenhuma liderança política nacional de peso atendeu aos convites feitos por Marina. Apenas três deputados federais sem maior expressão - Walter Feldman (PSDB-SP), Domingos Dutra (PT-MA) e Alfredo Sirkis (PV-RJ) - confirmaram a adesão ao novo partido, além de Heloisa Helena (PSOL), ex-candidata à Presidência, hoje vereadora em Maceió.

Por mais que você não goste deles, ainda não se inventou uma forma de criar um partido político sem políticos. Para fundar seu novo partido, o PSD, no ano passado, o ex-prefeito Gilberto Kassab arrebanhou 52 parlamentares e mesmo assim teve dificuldades para reunir as assinaturas necessárias ao registro no TSE.

Se os "marineiros" alcançarem seu objetivo, o Rede será o 31º partido do país. (Fonte: aqui).

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Curiosamente, Marina Silva sustenta que sua Rede não será de esquerda, nem de direita; não será de oposição, tampouco da situação. Observadores mais acurados certamente consideram que Marina ignora o sábio conselho bíblico: que se opte em ser quente ou frio, jamais morno.
Morna ou não, Marina tem todo o direito de seguir com sua Rede. Estrategicamente inflada pela grande mídia (à frente, claro, a grande Rede) no momento oportuno, seguirá celeremente a sua trajetória de detentora do monopólio da virtude. Déjà vu, dirão muitos - vale a pena ver de novo, dirá ela

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