quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PROTESTOS EM TERESINA


Do ContextoLivre, acerca dos protestos verificados em Teresina contra o preço das passagens dos transportes coletivos. O autor se reporta a matéria veiculada no Portal AZ, desta Capital, dando conta de prática policial posta em prática nos episódios. Eis o texto:

Manifestantes são marcados a caneta no Piauí

Atenção para notícia veiculada pelo Portal AZ, no Piauí:

Policiais militares sem farda ou qualquer identificação estão infiltrados nas manifestações contra o aumento da passagem de ônibus de Teresina. A informação foi confirmada pelo coronel Adonias Amorim, comandante da tropa da Polícia Militar que acompanha o terceiro dia de protestos.
 
De acordo com o oficial da PM, os homens à paisana são do Serviço de Inteligência da Polícia Militar. Eles estão municiados com uma caneta especial, capaz de deixar marcas invisíveis a olho nu. O equipamento está sendo usado para identificar os chamados “líderes” do movimento e pessoas envolvidas com incidentes durante os atos. As marcas da caneta, explicou o coronel Adonias, só podem ser vistas com o uso de um óculos especial.
 
No Brasil, temos vergonha de protestar. Nossa cordialidade não nos permite. É coisa de baderneiro, bagunceiro e não de “gente de bem” (antes, até segurava o riso quando alguém usava essa expressão na minha frente. Hoje, que se dane, a vida é curta!) Ao mesmo tempo, quem rompe a barreira do conformismo e protesta é criminalizado ou reduzido a um mero causador de congestionamentos. Para esses insurgentes, que não entendem que a cidade é um organismo autônomo que lhes presta um favor por deixarem nela viver, só a porrada resolve.
 
Recordar é viver: protestos contra o aumento na tarifa de ônibus na capital paulista foram duramente reprimidos pela polícia há um ano. Balas de borracha nos estudantes (que é para aprenderem, desde cedo, quem manda e quem obedece), gás de pimenta (lembrando que o Estado usou o mesmo expediente, em 2010, em um protesto de moradores do Jardim Pantanal que haviam perdido tudo o que tinham, tragado pela merda nas enchentes) e outros apetrechos usados pela nossa democracia para fazer valer a cidadania. Entre as centenas de manifestantes, houve feridos, presos, enfim, o caos. Isso na maior cidade do país.
 
No Brasil, há governos que não entenderam que o direito de protestar é parte da democracia. E que o povo não serve apenas para votar a cada quatro anos, pagar impostos e fornecer mão-de-obra barata. Mas, como se vê pela notícia acima, o Estado nos lembra diariamente que não somos cidadãos mas gado, que pode, eventualmente, ser marcado para identificação.
 
Creio que alguém já deve ter tido essa ideia, mas além de processar o poder público por conta desse absurdo, sugiro que os manifestantes em Teresina comprem o mesmo tipo de caneta e escrevam mensagens para a polícia. Do tipo: “Senhor(a) Policial, eu te amo”, “Vendo Fusca 76. Único dono” ou “Justin Bieber tem cabelo de tigela”.
 
Melhor ainda, todo mundo deveria se marcar com a tal caneta. Assim, de duas uma: ou levam todos os manifestantes embora ou deixam essa idéia genial de lado.

Um comentário:

Kenard Kruel disse...

como sempre, texto genial, mas as nossas "eleições' são de dois em dois anos, com centenas de reais sendo jogados fora, quando deveríamos ter eleições de cinco em cinco anos, geral. vou comprar, amanhã, mesmo minha caneta e sair por ai canetando, principalmente, as minas. boa ideia, compadre. kenard kruel.