sábado, 7 de janeiro de 2012

A HORA DA ESTRELA

Clarice, por Cássio Loredano.


Revelado manuscrito inédito de Clarice Lispector

A página manuscrita da escritora contém frases que não chegaram à versão publicada de A Hora da Estrela e que menciona Macabéa, uma de suas personagens mais famosas. São apenas três frases: “Macabéa não sabia como se defender da vida numa grande cidade. Ela que tinha um sonho impossível: o de um dia possuir uma árvore. Que árvore, que nada: não havia nem grama sob os seus pés”.

No final de sua vida Clarice andava anotando coisas em pedacinhos de papel, cheques, guardanapos e até mesmo maços de cigarros. Uma de suas secretárias vivia guardando os pedaços (...), e nesta página manuscrita aparece uma menção em outra letra para identificar o fragmento – provavelmente na caligrafia de sua enfermeira/assistente Siléa Marchi: “(Macabéa quando vem para o Rio)”. Clarice sofrera muito com as sequelas do incêndio que quase lhe custara a mão com que escrevia. Nos últimos anos estava bastante fraca, e o ferimento na mão também explica a letra pouco legível.

Sua editora principal era sua grande amiga Olga Borelli, que ajudou Clarice a organizar suas últimas grandes obras-primas como Água Viva, A Hora da Estrela, assim como o póstumo Sopro de Vida. (...). (Fonte: Correio do Brasil).

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Anotar coisas em pedaços de papel, guardanapos, lenços de papel. Compositores, como Adorinan Barbosa, eram mestres nisso. Escritores, cartunistas e quetais se socorrem usualmente da prática. É preciso anotar imediatamente o que veio; se a ideia escapar, adeus. Clarice sabia disso. Nosso querido O. G. Rego de Carvalho também, e ia além: qual lapidador, pinçava trechos de Ficção Reunida, anotava-os em oitavados, e logo abaixo expunha texto alternativo (a ser eventualmente incorporado em futura reedição). Qual dos textos prevaleceria? A incerteza só se desfaria meses (ou anos) depois...

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