segunda-feira, 25 de abril de 2011
TRINTA ANOS DO ATENTADO
RIO – Deixar que a bomba explodisse em seu colo não foi o único erro do sargento Guilherme Pereira do Rosário na noite de 30 de abril de 1981, no Riocentro. O “agente Wagner” do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI I), principal centro de tortura do regime militar no Rio, também levava no bolso uma pequena agenda telefônica, contendo nomes reais, e não codinomes, e respectivos telefones, de militares e civis envolvidos com tortura e espionagem. Quatro deles eram ligados ao “Grupo Secreto”, organização paramilitar de direita que desencadeou uma série de atos terroristas na tentativa de deter a abertura política.
Havia ainda nomes-chave da polícia fluminense, como o chefe de gabinete do secretário de Segurança e o chefe da unidade de elite policial da época, o Grupo de Operações Especiais, mais tarde Departamento Geral de Investigações Especiais, setor especializado em explosivos que tinha a responsabilidade de investigar justamente atentados a bomba como os patrocinados pelos bolsões radicais alojados na caserna.
Trinta anos depois do atentado que vitimou o próprio autor e feriu gravemente o então capitão Wilson Machado, O GLOBO localizou a agenda e identificou metade dos 107 nomes e telefones anotados pelo sargento. De oficiais graduados a soldados, de delegados a detetives, Rosário tinha contatos em setores estratégicos, como o Estado-Maior da PM e a chefia de gabinete da Secretaria de Segurança, além de amigos ligados a setores operacionais, como fábrica de armamento e cadastros de trânsito. (...)
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Trechos de matéria publicada pelo O Globo, edição de ontem, 24 de abril. O atentado do Riocentro aconteceu em 30 de abril de 1981.
Antes, o pessoal acima citado teria praticado (certamente entre outros) o atentando de 27 de agosto de 1980 contra a sede da OAB no Rio de Janeiro, quando uma carta-bomba matou a secretária Lyda Monteiro da Silva.
Comissão da Verdade sim. Punição aos delinquentes (inclusive os agendados, se for o caso) sim. Nem o surrado argumento da Lei da Anistia cola, visto que anterior aos atentados (lei 6.683, de 28 de agosto de 1979).
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