Principais trechos do artigo 'João Cândido, petróleo, racismo e emprego', de Beto Almeida, publicado na Carta Maior:
Nesta sexta-feira a Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. Como um simbolismo adicional, um total de 120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. (...)
O Navio João Cândido (há mais 48 na 'pauta' nacional - nota deste blog) abre uma nova rota para a economia brasileira. Inicialmente, porque a Petrobras já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.
E isso quando nossa economia petroleira, há anos, já dava sinais de expansão, mesmo quando estavam no poder os que promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento. (...)
Almirante negro
A escolha do nome João Cândido também foi destacada na solenidade por meio do novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloy Moreira. Vale registrar que há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade. Pois bem, agora João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis. (...)
................
A grande imprensa brasileira praticamente ignorou o renascimento da indústria naval do País. O Jornal Nacional nem sequer tocou no assunto, a Folha de São Paulo tascou uma nota lá pelo meio tratando de uma bobagem qualquer. Nenhuma estranheza. Mas é importante que se faça o registro da atitude.
2 comentários:
Grande Dodó,aqui em Pernambuco o lançamento ao mar do petroleiro João Cãndido foi marcado por uma solenidade grandiosa,dando se destaque à performance do "showman",nosso presidente Lula.Como madrinha da embarcação a soldadora Josenilda Maria Da Silva,32,comandou o ritual da quebra do champanhe no costado do navio."Papai nunca levou chibatadas,mas decidiu comandar o motim em defesa dos companheiros que vinham sofrendo esse tipo de castigo"."Fiquei emocionado ao ver um navio daquele tamanho com o nome do meu pai."Essas afirmações foram feitas por Adalberto Cândido,71,filho do almirante negro presente na cerimônia.O marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes foi condenado a receber 25 chibatadas,mas acabou recebendo 250,desmaiado no convés do navio minas gerais continuou recebendo as chibatadas.O motim terminou com 5 oficiais brancos mortos.Na manhã seguinte 16 marinheiros foram encontrados mortos na prisão.Até hoje a marinha não digeriu o episôdio.Abração Dodó.
Caro Sílvio, que beleza ver que João Cândido recebeu uma homenagem do Brasil!
Grande abraço.
Postar um comentário