No início de dezembro de 2008, um amigo jornalista pediu-me que listasse 'até 10 coisas' passíveis de acontecer em 2009, entre vários temas: política, urbanismo, arte, cultura, justiça, tecnologia, trânsito/transporte, pessoas/novos talentos e economia.
Em 03 de dezembro de 2008, mandei-lhe um e-mail dando conta de 'não ser afeito a exercícios de futurologia', mas que - aí entrou a nossa tradicional síndrome de técnico de futebol - 'há obviedades que ressaltam, e uma delas diz respeito à economia'.
Assinalei, então, que "os atropelos dos EUA e União Européia repercutirão no mundo todo. Desconhece-se, até agora, o tamanho do estrago. Caso se verifique a expectativa pessimista, tempos terríveis nos aguardam. Por enquanto, os grandes conglomerados bancários dos EUA e UE respiram em razão de oxigênio estatal - o que não evitará conseqüências danosas, como já se observa (...)". Em seguida falei no poder 'leviatânico' do famigerado 'complexo industrial-militar', que de forma alguma iria admitir corte de investimentos em sua carne, isto é, enfatizei a batata quente posta para o governo Obama...
Sobre o Brasil, registrei: "O Brasil poderá sofrer menos. Cairá, na proporção direta do estrago EUA/UE, a demanda por commodities. Mas há algo que requer muita cautela e em que qualquer antevisão não passa de mero chute: o comportamento dos preços relativos. Aguardemos. Entre as coisas certas do atual governo brasileiro, uma é a reformulação do 'painel do comércio exterior': o sistema ALICE mostra que, entre 2001/2 e 2007/8, as exportações foram incrementadas em 84% com os EUA, 214% com a União Européia, 332% com a África e 537% com o Mercosul. Em 2001/2, os EUA recebiam 26% de nossas exportações, em 2007/8, 14%... Hoje os maiores parceiros comerciais do Brasil (somados) são a América Latina e Caribe, com 25,8%, mas a UE continua firme (24%). O drama, porém, é que o que prevalece é o sistema de vasos comunicantes: por exemplo, qual o perfil comercial EUA X UE? E o AL/Caribe X UE/EUA? Que repercussões serão produzidas sobre o Brasil? E a China, e se a China resolver eleger o Brasil seu número 1 (até por estratégia geopolítica)?
Temos, então, um mercado interno forte e um "futuro externo" incerto, mas menos apavorante do que seria caso prevalecesse o perfil do comércio exterior 2001/2".
Relendo o tal e-mail, penso: como falam aqui no Piauí, fui no rumo! Menos mal.
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