terça-feira, 2 de agosto de 2016

A LUTA INCESSANTE PELA PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO


Sobre "Claudios" e "Vejas"

Por Luiz Carlos de Freitas, em seu blog

O artigo de Claudio Moura Castro na Veja, destilando de novo seus dogmas de fé sem evidência empírica nenhuma, é típico da aliança que cada vez mais existirá no país entre parte da grande mídia e certas ideias que atendem aos empresários educacionais que estão de olho nos processos de privatização da educação em curso no país. É o lobby da desinformação. Serão muitos os “claudios” e “vejas” que “florescerão” na grande mídia.
Não há que se esquecer que por trás da desinformação, não raramente, encontram-se corporações educacionais ávidas para transformar a educação em um grande mercado lucrativo. Hoje é uma matéria sobre o “professor”, amanhã sobre “escolas charters”, depois sobre o papel nefasto dos “sindicatos”, e assim prosseguirá ao longo de toda a agenda dos reformadores empresariais da educação, deturpando e omitindo fatos. Não há nada de diferente se examinamos o papel de uma parte da mídia americana que igualmente, ao longo dos últimos 30 anos, fez o mesmo papel naquele país.
Esta junção de mídias com a reforma empresarial não tem nada a ver com “informação” ou com “má informação”: como diria Shawgi Tell, é pura “desinformação”, mesmo. Os veículos da mídia foram feitos, em tese, para informar, mas admite-se que possam errar e passar uma má informação. Neste caso, é um erro de boa fé, por ter interpretado errado um dado, ou deixado de veicular todos os lados de um mesmo problema. Mas, no caso em questão, não se trata disso: trata-se de “desinformação” destinada a criar agenda pública.
Desinformação é o uso de informação com a intenção de produzir uma visão equivocada de um assunto ou tema. Desinformação é a distribuição intencional de informação parcial, viesada, manipulada, desenhada para mistificar o contexto real das coisas a ponto de confundir as pessoas e colocá-las em uma posição vulnerável ante certas ideias infundadas, que são de interesse daquele que as difunde, ocultando sabidos fatos, de forma a produzir incompreensões e até danos às pessoas ou ao país. Quanto se usou disso no debate sobre o câncer causado pelo cigarro. O lobby do cigarro, que associou uma parte da mídia e as corporações do fumo, viabilizou a desgraça de milhões, e ao mesmo tempo viabilizou milhões de dólares para outros.
Para combater esta desinformação, é preciso estimular a mídia informal, que circula nas redes sociais abertas, e que está fora de controle das grandes corporações midiáticas. Um destes instrumentos são os Blogs independentes. A desinformação veiculada na grande mídia não pode ser combatida diretamente nela, pois é destinada a confundir e já nasce sem compromisso com a verdade.
Seus autores (os candidatos a “acadêmicos” são os piores) nutrem-se exatamente da reação irada das pessoas que se erguem contra a sua “desinformação”. Promovem-na com o propósito de gerar tal reação, pois é isso que os fortalece nos círculos internos de poder, onde passam a ser considerados “destemidos” e “fiéis”. Quanto mais são criticados, mais se avassalam a tais ideias e mais acumulam poder, em um circuito interminável. De quebra, constroem agendas públicas de interesse das corporações, promovem falsos dilemas e influenciam sua solução a partir da desisformação.
Portanto, o que precisamos é que o leitor brasileiro amadureça e se torne mais seletivo e mais crítico sobre as informações ou desinformações que chegam a ele todos os dias nas grandes redes midiáticas. Neste processo, democratizar os dados dos estudos e pesquisas, em especial aqueles que mostram o lado contrário que é ocultado pela grande mídia, é de grande relevância para a formação da opinião pública.
Esta é a melhor forma de se combater os “Claudios” e as “Vejas”. (AQUI).

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