"Os jovens de hoje, se ouvirem falar em Escândalo Profumo, haverão de pensar que se tratou de uma questão em torno do vício do cigarro na Inglaterra. Foi de fato por um vício incontrolável, que a Humanidade enfrenta, desde seu advento. O vício das perversões sexuais.
Os escândalos sexuais rondam e derrubam o austero partido conservador britânico desde o Caso Profumo, em 1963.
No governo conservador de Harold Macmillan a explodiu o caso do Secretario de Estado da Guerra, John Profumo e a jovem Christine Keeler, uma aspirante a modelo de 19 anos de idade. As fotos da linda Christine enchiam páginas e páginas das revistas europeias, e também das brasileiras, em roupas íntimas, o que na época significavam combinação e sutiã bojudo. E a imaginação dos leitores voava alto e longe. Os escândalos da época eram mais picantes. Este envolvia prostituição, suposto espião soviético e provocou até um suicídio.
John Profumo fez tal e qual o primeiro ministro Boris Johnson, agora temporário no posto até que se encontre substituto, que foi ao Parlamento negar, e depois confirmar, sua participação em festas em Downing Street durante a pandemia, e agora repetiu o mesmo ritual tendo que posteriormente admitir que tinha sim ciência do assédio praticado pelo assessor pervertido que nomeou.
Primeiro, Profumo negou qualquer envolvimento com Christine, numa declaração no Parlamento britânico, o que semanas mais tarde se viu obrigado a desmentir e admitir os fatos, renunciando ao governo e ao Parlamento.
O estrago ampliou-se até o próprio primeiro-ministro Macmillan, com uma crescente crise de desconfiança, que levou a renunciar ao cargo, por "motivo de saúde". Mais abalada ainda ficou a saúde do Partido Conservador, que, no ano seguinte, nas eleições gerais de 1964, foi derrotado pelo Partido Trabalhista.
Vamos ver que partido vencerá as próximas eleições britânicas.
No Brasil em total estado de deterioração moral de Bolsonaro, porém, não há escândalo que o abale. O que o estremece são os pingentes gritos de dor e de fome."
(De Hildegard Angel, artigo sob o título acima, publicado no site Jornalistas Pela Democracia, reproduzido Aqui.
Li a matéria - corrijo-me: foi mais de uma - bombástica em 1963. Eu tinha 10 anos e lia em primeira mão as publicações que meu pai assinava. Não me recordo se foi em O Cruzeiro ou Fatos & Fotos, ou em ambas. As fotos da modelo Christine Keller pululavam.
A seguir, trecho de matéria que li muitos anos depois em 'Aventar' - Aqui:
"Na Primavera de 1963, explodiu uma bomba na pátria da respeitabilidade e das virtudes aparentes que a prolongada época vitoriana tatuou a fogo na idiossincrasia britânica. Um drama político levou à desonra pública de John Profumo, secretário de Estado da Guerra, à demissão de Harold Macmillan, primeiro-ministro, e ao suicídio do Dr. Stephen Ward, um osteopata da moda que apresentou Christine Keeler ao ministro – aquilo a que Fernão Lopes chamava um 'alcoveta'. Hoje usamos a designação de proxeneta. As palavras mudam, a natureza humana não. Vou contar a história em traços muito largos. [Continua]").
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