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Essa nossa mania digital pode estar nos levando ao risco de um humano em processo acelerado de desmemorização
Alzheimer é uma terrível, dolorosa e conhecida doença que afeta os idosos. Trata-se de uma demência neurodegenerativa desenvolvida no sistema nervoso que decorre, possivelmente, do processamento de certas substâncias.
Num paralelo, surgido da mania de “pensar alto”, é possível estimar que essa nossa mania digital de guardar nossas memórias nas “nuvens” e nos socorrer do buscador Google e outros, pode estar nos levando ao risco de um humano contemporâneo, em processo acelerado de desmemorização.
Um sujeito - ainda prematuramente - solto no tempo e no espaço, sem (ou com poucas) memórias, identidades, história e com vínculos mais frágeis com o passado que parecerá sempre ser de outro.
Cada vez mais nos sentimos nessa situação. Faltam palavras para exprimir ideias, para lembrar datas, pessoas, fatos, nomes e conceitos e, dessa forma, recorremos a essa muleta digital. Em troca ela recebe e arquiva nossos dados, realizando assim, uma “guarda” externa de partes importantes de nossa memória.
A memória é algo interessante. Uma capacidade de reter fatos, ideias, sensações, pensamentos. Mais ligada a um passado vivido, mas também pode ser prospectiva e mistura impressões que outros viveram. Podendo ser ainda memórias destas relações comparativas.
A memória é abstrata nas intenções e concreta nos arquivos. Individual e coletiva. Psicológica e importante para reter singularidades que ajudam na sanidade mental, mas também sociológica das lembranças das relações entre pessoas
A sua falta leva à perda do sujeito. Recuperar ou reter a memória é questão humana. Vacinas e remédios também se tornam urgentes contra o “Alzheimer digital”.
Medidas para deter o novo-velho distúrbio cerebral, interrompendo a progressividade ou mesmo buscando sua reversibilidade com retomada da memória e das habilidades de pensamento daí derivadas.
Ao contrário da doença original, esse distúrbio tende a afetar a todos que vivemos imersos no mundo digital que nos invade por longos períodos diários entre computadores, tablets e celulares.
Porém, de forma especial nesse caso, as maiores vítimas, podem ser as gerações mais novas (Z e Y), exatamente, aquelas que ainda possuem pouco passado e memórias, hoje já transmutadas, quase autonomamente e, de forma tenra, para os drives e nuvens das Big Techs: Google, Microsoft e Amazon.
O pensamento crítico que articula as várias pontas desse potente fenômeno é uma forma de cuidar da nossa memória, mas também de articulá-las para interpretações e leituras sobre essas transformações contemporâneas.
Seria dever do Estado cuidar da saúde coletiva e da sanidade dos sujeitos. Nesse mundo distópico e encantado de forma pueril com a tecnologia observamos que estamos nos distanciando desse dever. Assim, cuidemo-nos, pois! - (Fonte: Brasil 247 - Aqui).
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(Roberto Moraes é Engenheiro; Professor 'sênior' do IFF-Campos, RJ).
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