Após inteirado da bandalheira em curso, um grita: "Joaquim Silvério dos Reis e Calabar eram aprendizes.", ao que o outro completa: "Cadeia para os vendilhões da Pátria!", e alguém puxa a memória: "Há pouco tempo atrás, teríamos carros de polícia nas portas da Eletrobrás!"
A reportagem de Murillo Camarotto, do Valor Econômico, teve manchete de impacto: “Privatização da Eletrobrás pode ser comprometida por erro gigantesco”.
A conclusão é do Ministro Vital do Rego, do Tribunal de Contas da União, que menciona “falha metodológica”, “subavaliação gigantesca”.
O relator do caso, Ministro Aroldo Cedraz, havia apresentado seu voto com ressalvas, dentre as quais o valor da outorga, definido em R$ 23,2 bilhões.
No ano passado, quando Vital do Rego pediu vista do processo, o Ministro Walton Vasconcelos, criticou-o, por passar ao mercado a impressão de que a Eletrobrás não seria privatizada – segundo relata a reportagem.
É inacreditável que esse golpe só tenha sido provisoriamente suspenso por um pedido de vista. No dia 22 de agosto de 2017, GGN já havia revelado essa trama.
Dizia-se:
“A avaliação de R$ 20 bilhões equivale a menos da metade de uma usina como Belo Monte. A Eletrobrás tem 47 usinas hidroelétricas, 114 térmicas e 69 eólicas, com capacidade de 47.000 MW, o que a faz provavelmente a maior geradora de energia elétrica do planeta. É uma empresa tão estratégica quanto a Petrobrás.
A Eletrobrás está sendo construída desde 1953 e exigiu investimentos calculados em R$ 400 bilhões do povo brasileiro. Além da capacidade geradora, que equivale a meia Itaipu, a Eletrobrás controla linhas de transmissão, seis distribuidoras e a Eletronuclear, empresa estratégica que detém as únicas usinas nucleares brasileiras”.
(…) O comprador com toda probabilidade será um grupo chinês que por 20 bilhões de reais assumirá o provavelmente maior parque de geração hidroelétrica do planeta. É realmente inacreditável o nível de improvisação, cegueira estratégica, leviandade suspeita atrás desse tipo de decisão de quebra-galho financeiro.
Nos EUA, o parque hidroelétrico, que corresponde a 15% da matriz energética, é estatal federal, porque lá se acredita que energia elétrica, que envolve recursos hídricos, é de interesse nacional e não pode ser privada. Lá há muito cuidado com água, rios e represas, e nunca se pensou em privatizar”.
No dia 13 de setembro de 2017 voltamos ao tema.
Na privatização do governo FHC, a análise de preços se baseava no fluxo futuro de resultados da empresa, trazidas a valor presente mediante determinada taxa de juros. As espertezas consistiam em considerar o fluxo de caixa histórico, com todas as amarras a que as empresas estavam submetidas enquanto estatais, e manipular a taxa interna de retorno – colocada em níveis extremamente elevados para depreciar o preço.
Agora, não: é manipulação na veia.
Os cálculos e projeções apresentados para avaliar o preço se baseiam nos valores contábeis dos ATIVOS e PASSIVOS de balanço. Trata-se de um engodo monumental, uma metodologia que a 3G – que elaborou os estudos – jamais utilizou em qualquer processo de fusão e aquisição de mercado, porque não tem valor nenhum. O que sempre valeu foi a projeção de resultados, ajustados por fatores como risco e volatilidade das ações.
Continuava o artigo:
Para efeito de comparação, a Usina São Simão, da CEMIG, antiga, com 1.710 MW de potência instalada, teve uma concessão vendida há três meses por R$ 7,1 bilhões. Esse valor não estava em nenhum balanço. Por uma regra de três simples, apenas as concessões da Eletrobrás deveriam valer R$ 289 bilhões. Esses valores não entram nas projeções do valor da privatização. Como se não existissem economicamente. - (Fonte: Jornal GGN - Aqui).
2 comentários:
Este Nassif é muito bom e o editor do blog também! Abraços
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