quarta-feira, 31 de março de 2021
ELES DISSERAM E/OU CANTARAM
PARA QUEM A PANDEMIA INTERESSA
"Depois que o Brasil passou da marca rotineira dos mais de 3.000 mortos diários por Covid, tornando-se o líder mundial da pandemia e ameaça planetária, está claro que o lockdown pouco funciona, da forma como vem sendo adotado. E que, para os políticos, a questão da saúde pública é mais uma peça-chave para a próxima disputa eleitoral do que uma preocupação real.
A guerra das vacinas se tornou o palco central da busca por popularidade, seja para o presidente Jair Bolsonaro, seja para os governadores, ou mesmo para o ex-presidente Lula, egresso literalmente das masmorras, oferecendo-se novamente como um miraculoso salvador.
A realidade, porém, segue sua marcha. Está nos ônibus e trens lotados por todos aqueles que, apesar da decretação forçada de feriados, do fechamento do comércio, do toque de recolher e outras medidas, continuam a ir para o trabalho, simplesmente porque sem isso não terão o que comer, indiferentes às encenações.
Há pouca solução real para o povo brasileiro, e não é de hoje. No Brasil, a história se repete, da forma mais triste, e com as piores consequências. Para dar um exemplo, no Século XVII a então colônia foi assolada por uma pandemia de varíola, que matou sobretudo os índios, na época a maior parte da população, como conto no livro A Criação Do Brasil (1600-1700). A primeira onda das “bexigas” não atingiu os portugueses, mas dizimou cerca de 30 mil índios e negros em dois ou três meses na Capitania de Todos os Santos, pela estimativa do padre José de Anchieta.
No ano seguinte, novo surto da doença espalhou-se por toda a colônia. Somente em Salvador e no Recôncavo, da população indígena de 80 mil pessoas, restaram cerca de 8 mil. Sem mão de obra, a agricultura foi abandonada e faltou comida. Os índios que sobraram ficaram numa miséria tal que se ofereciam como escravos em troca de “um prato de farinha”. “Diziam que lhes pusessem ferretes, que queriam ser escravos”, relatou Anchieta. De acordo com o padre Simão de Vasconcelos, alguns “se alugavam para servir toda a vida ou parte dela”, ou “vendiam filhos que geraram e até os que não geraram, fingindo que eram seus”.
Lembro a história porque ela mostra bem como as epidemias influenciam no futuro da sociedade. Desde essa época, os brasileiros se acostumaram à figura do “agregado”, um trabalhador que vivia dentro da casa do patrão, servia-o, mas não ganhava salário. Considerava-se um favor lhe dar serviço, lugar para dormir e o que comer. O agregado servia a vida inteira praticamente de graça ao seu patrão, e ainda devia ser grato pela acolhida e a convivência com a família. Desde então, não existe nem nunca existiu interesse real em salvar e dar dignidade ao brasileiro. Na história da nossa elite, o importante é mantê-lo a seu serviço a preço baixo ou nenhum. E a pandemia serve ao nosso capitalismo selvagem como as “bexigas” do século XVII. Rebaixa o trabalhador a pedinte, mais uma vez.
Enquanto não houver dignidade para o cidadão brasileiro, com educação, saúde, salário digno, a vida será sobrevivência. E o Brasil não será uma nação a se respeitar. Todo movimento de políticos que se mostram a serviço do povo, dentro do regime democrático, soam como populismo e demagogia – isto é, mera manipulação. No fundo, procuram apenas manter-se no poder, protegendo interesses próprios, à custa da miséria alheia.
É o que nos distancia dos países desenvolvidos, onde o cidadão tem força e dignidade. Aqui, os políticos e empresários, com poucas e gratas exceções, se tornaram uma casta vampiresca, que resiste aos tempos. E não percebem que, ao manter o país no atraso, num mundo que progride rapidamente em todos os sentidos, estão condenando a si mesmos também à morte, de maneira inexorável."
(De Thales Guaracy, texto sob o título "Para quem a pandemia interessa", publicado no site Poder 360 - Aqui.
"A guerra das vacinas se tornou o palco central da busca por popularidade, seja para o presidente Jair Bolsonaro, seja para os governadores, ou mesmo para o ex-presidente Lula, egresso literalmente das masmorras, oferecendo-se novamente como um miraculoso salvador."
Seguimos atentamente as análises levadas a efeito por muitos, e o articulista é um deles. Permitimo-nos divergir dele quanto ao acima exposto. Os governadores somente se mobilizaram em busca de vacinas quando diante da omissão - melhor dizer indiferença - do poder central. Quanto ao ex-presidente Lula, deveria ter dito não aos apelos de tantos que a ele recorreram, como o Consórcio de Governadores do Nordeste? Deveria o Lula desprezar o know how conquistado quando no BRICS?).
OLD CARTOON
MOBILIZAÇÃO NACIONAL: FRACASSA PROJETO DE LEI QUE AMPLIAVA PODERES DO PODER EXECUTIVO
EUA, REDE PÚBLICA DE RÁDIO: 'BRASIL PARECE O PIOR LUGAR DO MUNDO'
O Washington Post publicou mais uma extensa reportagem, agora com os médicos que vêm escolhendo os brasileiros que vão morrer e viver.
Na primeira cena, uma cama vagou num hospital de Florianópolis e a médica precisou escolher, junto à ambulância, um entre 15 doentes, para salvar. "Não sei como isso vai me afetar", disse ela.
Segundo o jornal, além de vagas e oxigênio, "agora o país está ficando também sem médicos". Eles que em muitos casos, nas últimas semanas, passaram a "bombear pulmões manualmente, com válvulas de silicone".
Noutra cena, em Fortaleza, um médico relatou a escolha que precisou fazer, entre um jovem na casa dos 20 anos e uma mulher com perto de 90. Só um deles poderia ser entubado e "o mais jovem tinha uma chance maior de sobreviver".
O médico agora tem pesadelos. "Vê pacientes pelos corredores. Vê um jovem chorando sobre o corpo de sua mãe, que havia infectado depois de ir a uma festa."
Noutra, um médico de Manaus mostrou as mensagens em seu telefone, como "Meu tio precisa de uma cama" ou "Conte sobre minha esposa. Nós temos dois filhos".
Mas ele já não sente empatia, só irritação. "Quem não precisa de alguma coisa?" [Folha, Nelson de Sá]
É o que já está acontecendo. Os médicos e toda a equipe multidisciplinar que atende aos pacientes de COVID estão exaustos e muitos realmente perdendo a paciência. Pois saem de plantões exaustivos e dolorosos, às vezes contando mortos, e chegam às ruas e encontram gente que, incentivada por Bolsonaro, parece viver num outro planeta, sem pandemia, sem necessidade de medidas restritivas, uso de máscara, vivendo como se não houvesse amanhã, sem perceber que aquele homem exausto do outro lado da rua, a quem ele não dirige a atenção no momento, pode estar diante dele amanhã enfiando goela abaixo um tubo para tentar salvá-lo da própria estupidez e irresponsabilidade.
terça-feira, 30 de março de 2021
ELES DISSERAM E/OU CANTARAM
ATTRIBULATED CARTOON
Bruno Aziz.
LETRAS NO CAMINHO (E UM CARTUM ANTOLÓGICO)
"A frase mais contundente da carta de demissão do ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva – 'preservei as Forças Armadas como instituições de estado' - dá a entender o motivo de sua saída.
ADENDO AO FLAGRANTE POSITIVO DA SEMANA QUE PASSOU
O Diálogo Em Voga
segunda-feira, 29 de março de 2021
ELES DISSERAM E/OU CANTARAM
FLAGRANTE POSITIVO DA SEMANA QUE PASSOU
DA SÉRIE DESASTRES EM SÉRIE
...............
ENQUANTO ISSO NO PAÍS FORA DA CURVA
CANAL DE SUEZ, A ORIGEM
domingo, 28 de março de 2021
ELES DISSERAM E/OU CANTARAM
O BALÃO PASSADO
DA SÉRIE 'RECORDAR É VIVER'
Parceiro de Vinhos de Moro, ou 'Recordar é Viver'
Karnal postou esta foto há poucos anos quando o farsante golpista Sérgio Moro vivia, dia e noite, sob elogios no proscênio da mídia venal e golpista, Rede Globo à frente.
Os desmascaramentos sucessivos da Farsa-Jato, divulgação das conversas criminosas da máfia lava-jatista pelo "The Intercept Brasil", retiraram Moro de vez do pedestal. De maneira crescente as verdades da luta política se encarregaram de levá-lo à desmoralização irreversível.
O marreco é o juiz que grampeia escritório de advogado, prática abjeta para a qual a OAB recomenda cassação de carteira profissional.
Num atentado ao código processual penal legal, valeu tudo na sua atuação. Cúmplice da promotoria, fabricou acusação contra Lula, forjou falsos pretextos, apresentados como "provas" sem qualquer apoio factual.
Estrela da promotoria, Deltan Dallagnol, vulgo Branca-de Neve, o palestrante milionário de nove em cada dez corporações.
"LAWFARE" CONEXÃO USANão bastassem todos esse ilícitos criminosos de Moro, e dos comparsas (que ilícitos!), ainda se subordinaram a autoridades do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Tinham trânsito também na CIA e com seus agentes.
Pouco depois de assumir como ministro da Justiça de Bolsonaro, em março de 2019, Moro visitou a sede da CIA, na Virgínia. Recebeu deferências nessa notória organização terrorista, de presença desestabilizadora em todos os continentes.
Foi articulador de outro atentado à soberania nacional: o que levou a Petrobras a pagar indevidamente multa de 9 bilhões de dólares em tribunais americanos.
E queria transferir ilegalmente US$ 2 bilhões dessa fatura para sua vara judicial em Curitiba, intento não conseguido porque o assunto veio a público.
Moro negociou com autoridades judiciais americanas sem nenhuma competência ou autorização governamental.
Chegou a ponto de, juiz de primeira instância, grampear a presidenta da República, também obviamente sem autorização, à revelia do STF. Passou à Globo a fita, mesmo com decisão judicial proibitiva.
Não havia nada nas gravações contra Dilma e Lula, conversas de lisura transparente.
Mas as caras e bocas dos dois teleatores picaretas do "Jornal Nacional", William Bonner e Renata Vasconcelos, interpretaram o diálogo do "ela disse", "aí ele disse", como evidência da mais nefasta conspiração.
No "timing" do "script" golpista, Moro desempenhou papel-chave no impedimento à candidatura de Lula em 2018.
Tornou-se beneficiário desta violência antidemocrática, de trágicas consequências (por exemplo, as centenas de milhares de mortes evitáveis da epidemia). No governo Bolsonaro, virou ministro da Justiça, beneficiário direto da não-candidatura de Lula,
"JUSTIÇA QUE TARDA E... FALHA"
O STF, agora, tardiamente - embora menos mal que nunca -, diante de tantas ilegalidades, considerou nulos os processos contra Lula. Viciados, parciais; desrespeito perpetrado por Moro às regras mais elementares do Direito.
A "República de Curitiba", pela decisão do STF, caracterizada como tribunal de exceção.
Mostrou-se mais uma vez que "a justiça tarda... e falha". Ou Bolsonaro não continua na sua destruição diária do país? Quem ressuscitará os muitos mortos desnecessários da Covid-19, causados pelo desgoverno extremista? E o prejuízo de múltiplos atos impopulares, antidemocráticos, de lesa-Pátria, cometidos diariamente pelo genocida?
Os falsos justiceiros de Curitiba, "paladinos" seletivos da luta "contra a corrupção", seguiram, de maneira explícita e direta, o novo modelito de golpe de Estado patrocinado pela Casa Branca, baseado na perseguição judicial sistemática ("lawfare"), nas permanentes mentiras midiáticas, na atuação de notórios parlamentares corruptos (padrão pastor Eduardo Cunha), na conivência do alto comando militar, de setores privilegiados e repressivos do aparelho de Estado (como mostrou a atuação da Polícia Federal).
A Globo, golpista sempre, segue em defesa de Moro, mesmo depois da desmoralização da Lava-Jato, e da decisão do STF a respeito da nulidade dos processos contra o ex-presidente Lula. É verdade que não dá mais para a rede dos Marinho incensar dia e noite o farsante de Curitiba, mas mostra empenho em livrar a cara (-de-pau) dele. Maneira de continuar sua guerra contra o ex-presidente Lula, e qualquer ideia efetivamente progressista.
Karnal e Moro têm mais coisas em comum além de vinhos no mesmo jantar: uma óbvia, o gosto de aparecer.
Pode ser que Karnal venha a obter, como Moro, favores da Globo, Discutíveis, mas para quem gosta de holofotes, é a glória.
Talvez Karnal acabe no "Big Brother Brazil" da Globo.
Um novo perfil para "renovar" o BBB, "marketing" da lei da selva capitalista, todos agindo sordidamente contra todos: Karnal encarnaria a personagem "cult" na renovação do "reality show".
O Sansão careca da História midiática para as multidões no "padrão Globo de produção". - (Fonte: Boletim Carta Maior - Aqui).