terça-feira, 12 de março de 2013

ESPORTES, ESPORTES, POLÍTICA À PARTE

Além do futebol...

Bolívar seria fã

Por Luis Fernando Veríssimo


O baseball é aquele esporte em que os jogadores passam mais tempo ajustando o boné do que jogando. E o críquete consegue ser ainda mais chato. Claro, esta é a opinião de um preconceituoso assumido, que prefere a plasticidade e a ação contínua do futebol.

E, mesmo sendo jogos aborrecidos, o baseball e o críquete têm histórias curiosas, num contexto que tem menos a ver com esporte do que com política, imperialismo e os paradoxos do colonialismo cultural.

Os dois países americanos em que o baseball é mais popular, além dos Estados Unidos, são Cuba e Venezuela. Fidel foi jogador de baseball, Chávez não sei se jogou, mas era fã. Nos dois países mais anti-Estados Unidos da região, o esporte nacional é o mais típico dos esportes dos Estados Unidos.

É verdade que o gosto pelo baseball antecede os acidentes históricos que deram no antagonismo de hoje. O baseball de Cuba teve origem na ocupação do país pelos americanos no fim do século dezenove.

Sobreviveu ao fim da ocupação e, mais tarde, ao fim da influência americana, com a expulsão de Batista e a ascensão de Fidel.

O baseball cubano nunca ligou para a História. Na Venezuela não houve ocupação americana, mas houve anos de intenso colonialismo cultural numa elite e numa classe média voltadas para exemplos e hábitos americanos, parte da mentalidade desafiada pelo bolivarismo chavista. Mas a popularidade do baseball permaneceu intocada. Bolívar, presume-se, também seria fã.

O críquete e o futebol são — simplificando — os esportes da aristocracia e do proletariado inglês. Era de se esperar que em todo o “commonwealth” que restou do imperialismo britânico o críquete fosse execrado como símbolo da presença imperial e da prepotência do homem branco. Mas por toda a Ásia e a Oceania, até em lugares em que o império nunca esteve, o críquete é popular.

Seus melhores jogadores são ídolos nacionais. Suas regras e excentricidades, como partidas que duram uma tarde inteira com intervalo para o chá, são as mesmas da ex-metrópole. E os times do ex-império constantemente humilham times ingleses, e ninguém chama de vingança. Vá entender.

................
Pois é, vá entender: estávamos certos de que tudo corria bem para o cronista, que no final do ano passado viveu momentos difíceis em face de grave infecção gripal. Eis que no último final de semana Veríssimo é acometido de novo mal - ao que tudo indica felizmente superado. Que a recuperação de Veríssimo seja plena.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aqui meus melhores votos pra que o LFV se recupere bem, pois intelectualmente esta´como nunca esteve, supera-se a cada croncia. Genial.
a
joão antonio

Dodó Macedo disse...

O Veríssimo já está recuperado, amigo. Recebeu alta nesta tarde.

Um grande abraço.