terça-feira, 10 de abril de 2012

REDUÇÃO DOS JUROS, O PIOR DOS MUNDOS


Depois de longo tempo 'refém' da banca privada, o país alcança condições de agir (inflação controlada, Selic em viés de baixa, perfil/tendência da dívida pública...), mediante drástica redução das taxas de juros praticadas. A providência, claro, ocorre no âmbito estatal, sob a grita de analistas apreensivos: "Como ficam os acionistas (do BB)?!" (Os analistas sabem que o crédito se tornará mais atraente, o que motivará a elevação das aplicações - compensando/atenuando a redução -, mas dão uma de joão-sem-braço...).

A atuação de cada banco no caldeirão da concorrência é que irá definir os frutos a colher. E nesse caldeirão os bancos privados, espera-se, deverão entrar, mesmo que isso para eles signifique o pior dos mundos. Vejamos o que diz Renato Rabelo em seu blog:

Os bancos e os juros

As medidas que derrubaram as taxas de juros “na boca do caixa” têm alcance tanto imediato quanto estratégico. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal iniciaram a aplicação dessas medidas nesta semana com os juros no cartão de crédito a 1,35% ao mês — há duas semanas, a média era 8,01%. Esse dado ilustra bem a natureza da medida: “forçar” o setor privado a uma concorrência capaz de fazer chegar às pessoas comuns e nas empresas – com necessidade de capital de giro – a queda das taxas de juros (SELIC) iniciadas em agosto do ano passado.

Esta medida completa, em essência, as medidas de estímulos fiscais para a produção. É bem sabido que tais medidas em prol da concorrência bancária não serão capazes de reverter o processo de desgaste de nossas cadeias produtivas. Servem como estímulo ao consumo, uma das formas de alavancar a produção em meio a uma crise financeira quase sem fim. Também não vão ao encontro de uma solução final para o crônico problema do financiamento da produção no longo prazo.

Mas é estratégica. A própria grita dos economistas e jornalistas do mercado contra a medida atesta isto. Pedem garantias aos acionistas dos bancos estatais da suposta perda de ganhos. Chamam a atenção para a possibilidade de uma nova espiral inflacionária. Mas pedem tempo para se ajustar à nova realidade. No fundo querem apoio estatal direto para se adequarem sob a forma de cortes de impostos e garantias contra clientes inadimplentes. Um absurdo, tamanhos têm sido os lucros acumulados por estas instituições desde o anúncio do Plano Real.

Agora sim, está institucionalizada a concorrência pelo crédito. Vai levar quem oferecer mais e melhores vantagens para os clientes. A prática como o critério da verdade está aí.

Os oligopólios podem combinar preços e lucros. Podem inclusive triplicar, quadruplicar a SELIC sob a forma de spreads bancários e taxas escorchantes. Nessas horas a concorrência é uma verdadeira maldição. Uma contradição em termos...

4 comentários:

Marilia disse...

Oi Dodó,

Minha opinião mais sincera que especializada: "só pra inglês ver"!

Li a matéria no jornal e acompanhei a reportagem na televisão no domingo. Na segunda fui até minha agência da Caixa me inteirar dessas reduções: a gerente, gente muito educada e finíssima, então, explicou que a redução dos juros para consignáveis de 0,85 era somente para os aposentados. Pode????

Beijokas.

Dodó Macedo disse...

Querida Marília,

Interessante a sua observação. Aguardemos um pouco para saber se se trata de propaganda enganosa.
O certo é que os bancos estão há anos na linha de frente dos altos ganhos, e a partir das últimas medidas teriam de, finalmente, se subordinar às regras da concorrência. Aguardemos, cara amiga.
Um grande abraço.

Marilia disse...

Oi Dodó,

Tudo bem. Mesmo sendo uma pequena redução aceitei. Fazer o quê?

Beijokas.

Dodó Macedo disse...

Um grande abraço, cara Marília.