Retrato do poeta matogrossense Manoel de Barros, que estreia agora e venceu o prêmio de melhor documentário no Festival de Paulínia 2009, "Só Dez Por Cento é Mentira" espelha um desafio do diretor Paulo Cesar: vencer o preconceito tanto contra o gênero documentário, como contra a poesia. Para isso, ele conta com a própria recusa de fazer "um filme poético" e também com o carisma de seu personagem. "Manoel é apaixonante", define o cineasta.
Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de
Ignácio Rayzama e de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio
para enfiar no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel
nas ruas de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem
são mais bonitas.
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(Parte II de 'Mundo Pequeno', do livro
'O Livro das Ignorãças', do poeta Manoel
de Barros).
Algo me diz que vencer o preconceito contra o gênero documentário e contra a poesia é parecido com catar pregos na beira do rio para enfiar no horizonte.
De qualquer modo, boa sorte para o cineasta pernambucano e sorte boa para o poeta mundial.
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