segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

OUTRA VEZ A CERVEJA


Em matéria da Der Spiegel, Frank Thadeus discorre sobre conclusões do arqueólogo norte-americano Patrick McGovern, que sustenta que o interesse pelo álcool pode ter levado o homem pré-histórico a plantar:

"(...) As descobertas mais recentes da China são consistentes com as provas de McGovern, que sugerem que a habilidade de fazer álcool se espalhou rapidamente por vários locais ao redor do mundo durante o período neolítico. Xamãs e alquimistas dos vilarejos misturavam frutas, ervas, especiarias e grãos em potes até que eles formassem uma mistura consumível.

Mas isso não era suficiente para McGovern. Ele levou a teoria muito mais adiante, visando uma completa reinterpretação da história da humanidade. Sua tese corajosa, que ele detalha no livro 'Uncorking the Past. The Quest for Wine, Beer and Other Alcoholic Beverage' ['Tirando a Rolha do Passado. A Busca por Vinho, Cerveja e Outras Bebida Alcoólicas'] afirma que a agricultura - e com ela toda a Revolução Neolítica, que começou há cerca de 11 mil anos - são de fato consequência do impulso incontrolável pela bebida e intoxicação. (...)

Os antigos fazendeiros de Godin Tepe (no Irã, 3.500 a.C.) cultivavam cevada nos campos próximos ao vilarejo e moíam sua colheita usando pedras de basalto. Então eles fermentavam o grão de diversas formas, numa cerveja preta adocicada e com sabor de caramelo, uma bebida com cor de âmbar, e outras bebidas saborosas.

Por volta da mesma época, os sumérios homenageavam sua deusa da fertilidade Nin-Harra, que eles consideravam inventora da cerveja. Os criadores da civilização mesopotâmica deixaram instruções para produzir cerveja em pequenos pedaços de argila em homenagem a Nin-Harra. O principal ingrediente da cerveja que eles faziam era uma espécie de trigo que desapareceu desde então.

Assim o projeto humano que começou com os primeiro hominídeos tropeçando em volta de árvores frutíferas culminou com esses bebedores de cerveja pré-históricos. 'O consumo moderado de álcool era vantajoso para nossos ancestrais', especula McGovern, "e eles se adaptaram a isso biologicamente'".
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(O título 'Outra vez a cerveja' se justifica pelo fato de esta não ser a primeira vez que alguém defende a tese em foco. Há um ano, divulguei o desenho acima, cujo título espelha o pensamento do arqueólogo, mas é de autoria de um antropólogo, cujo nome me escapou. O desenho, aliás, eu havia feito há anos, e nem lembro quanto tempo depois de haver recortado a notícia de jornal. De qualquer modo, resta reforçada a tese de que a cerveja, sim, é a responsável pela fixação do homem à terra, em face do ciclo produtivo da cevada).

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