sexta-feira, 22 de maio de 2009

TRAMBICAGENS DERIVATIVAS


Para os grandes jornais televisivos a manifestação de ontem em defesa da Petrobras (2.500 manifestantes) não existiu. O que existiu, para William Waack e Carlos Alberto Sardenberg, no Jornal da Globo, foi a brutal mancada do presidente Lula, na Turquia, ao classificar de 'trambiqueiras' as empresas brasileiras que se aventuraram em derivativos e perderam bilhões de dólares.

Se há terreno movediço, é aí que prosperam os tais derivativos, que, 'pela lógica', sugerem tratar-se de ativos financeiros que derivam de outros ativos. A modalidade hedge seria menos nebulosa, visto que faz as vezes de seguro (garantia de uma cotação futura de moeda), enquanto a de opções serviria para alavancar aplicações, porém sujeita a turbulências incontornáveis em caso de o mercado degringolar.

Os bancos, notadamente os americanos, navegaram a braçadas nos derivativos, até darem onde deram. Limitemo-nos às empresas brasileiras, sobre as quais Lula se referiu.

A empresa (geralmente exportadora) pode contentar-se em auferir seus ganhos normais, submetendo-se aos riscos triviais do mercado. Ou pode querer ganhar muito mais e partir para os derivativos (de opções) até 'o limite da irresponsabilidade' (diretamente proporcional à sede de lucro).

Os derivativos são na verdade uma aposta às cegas. Se o lance der certo, palmas; se não, sai de baixo. Parece óbvio tachar de trambiqueiro um diretor-financeiro que jogue (às vezes à revelia dos demais dirigentes) a dinheirama da empresa nesse turbilhão especulativo. Sadia, Aracruz, Votorantim e outras empresas brasileiras foram nessa onda e, ao que consta, amargaram prejuízo superior a US$ 30 bilhões (deve ser bem mais).

O mundo dos derivativos é complexo ao extremo, especialmente para leigos (como eu). Mas até economistas e administradores, como o consagrado megainvestidor Warren Buffett, chegam a declarar o seguinte: "Não conheço sistema contábil capaz de avaliar os riscos dos derivativos".

O epíteto utilizado por Lula foi pertinente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dodó, para tristeza da grande imprensa ou pig,como queiram,a casa não caiu e o circo não pegou fogo.A direita ultrapassará o limite da irresponsabilidade para retomar o poder.

Dodó Macedo disse...

É o jus esperniandi...