sexta-feira, 5 de junho de 2020

O CASO TACLA DURÁN FOI ARQUIVADO, MAS...

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Para relembrar o que foi publicado sobre o caso Tacla Durán, permitimo-nos eleger, como texto inicial, a matéria abaixo, exposta no Jornal GGN em junho de 2018, sobre depoimento oferecido mediante videoconferência por Durán - diretamente da Espanha - a Comissão da Câmara dos Deputados. Outras matérias virão, com vistas em deixar evidenciada a precipitação (para encontrar uma palavra) do MPF em recomendar o simples arquivamento do caso, por 'falta de elementos de prova' (quando havia sim, conforme veremos em 'reprises' futuras, a serem aqui reproduzidas oportunamente). 


O advogado Rodrigo Tacla Durán reafirmou nesta terça (5) - 5 de junho de 2018 -, durante audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, que recebeu de Carlos Zucolotto, amigo pessoal e padrinho de casamento de Sergio Moro, um pedido de pagamento de propina em troca de “proteção” na Lava Jato de Curitiba.

“Zucolotto me propôs que eu lhe desse 5 milhões de dólares em troca de sua proteção”, disse Durán. A “proteção” estaria relacionada a uma promessa de melhoria de um acordo de delação premiada junto aos procuradores liderados por Deltan Dallagnol. “Eu passei a ter problema a partir do momento em que não aceitei”, afirmou.

“Estranhamente”, continuou Durán, “Zucolotto nunca foi investigado. Entretanto, surgem denúncias de que outros advogados venderam proteção a outros investigados. É preciso investigar isso para que o Brasil saiba se houve tráfico de influência, advocacia administrativa ou extorsão”, cobrou.

O advogado afirmou ainda que “Moro ficou irritado comigo porque fui obrigado a informar à Receita Federal quem eram os colaboradores do meu escritório [de advocacia] e entre eles estava Zucolotto, que era meu correspondente em Curitiba. Essa relação profissional com Zucolotto vinha muito antes de qualquer ação contra mim. Eu não fazia ideia de que ele era amigo e padrinho de casamento de Moro.” Zucolotto também já foi sócio da esposa do magistrado, Rosangela Wolff Moro.

De acordo com Durán, a investigação da Receita durou 2 anos e foi encerrada sem apontar nenhum crime. Ele disse que, em 2016, procurou a Lava Jato em Curitiba para explicar sua relação profissional com a Odebrecht e acabou virando alvo dos procuradores quando a investigação avançou e o acordo de delação, com propina a Zucolotto, não foi fechado.

Durán ainda lembrou que, por conta dessa questão envolvendo Zucolotto, Moro vem impedindo que ele seja testemunha de defesa em um incidente de falsidade movido por Lula. A banca de advogados do ex-presidente sustenta que os documentos que a Odebrecht apresentou como provas de delações premiadas foram fraudados. Durán afirma que o sistema de onde os dados teriam sido extraídos foi manipulado antes e depois da Lava Jato, logo, não pode ser aceito pela Justiça como prova válida para processar Lula ou outros réus, como Michel Temer.

“Nunca serei testemunha de Lula, nem de Michel Temer, porque isso não é desejo de Moro nem da força tarefa. O que temos hoje no Brasil é a mordaça das testemunhas que são inconvenientes. Eles não têm o menor constrangimento em amordaçar testemunhas que vão ameaçar suas teses de acusação.”

No começo da audiência, Durán afirmou que “convivemos com dois juízes, dois Moros”. O primeiro se tornou herói dentro e fora do Brasil, mas o segundo é “criticado duramente por magistrados, inclusive de tribunais superiores, e advogados”, por violar prerrogativas dos investigados.

A defesa de Lula recorre a tribunais superiores para ouvir Tacla Durán como testemunha. Moro, por sua vez, já se manifestou na imprensa em defesa de Zucolotto, que teria negado qualquer relação espúria com Tacla Durán. O padrinho do juiz ainda alegou que nunca atuou em nenhum processo criminal da Lava Jato. Além disso, Moro costuma reafirmar que Durán é um “foragido” (venceu um processo de extradição na Espanha) e “criminoso”, embora ainda não tenha concluído a ação penal contra o advogado.  -  (Aqui).

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