quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O MONSTRO ESTÁ DE VOLTA

Luis Nassif produziu o post abaixo antes da (inócua) decisão do ministro Dias Toffoli relativamente ao pedido de ida do ex-presidente Lula ao velório de Vavá, seu irmão, decisão proferida praticamente no momento em que Vavá estava sendo sepultado. Foi bem sucedida, assim, a "operação postergação" posta em prática pela juíza Carolina Lebbos e parceiros, sob 'supervisão' do superministro Sérgio Moro. Como se viu, mais uma vez a base prevaleceu sobre a "cúpula", com aspas, com aspas; sem aspas, só a representada,  há anos e até aqui, pelo ínclito hoje superministro. (Quanto ao título - "O monstro está de volta..." -, há quem considere haver alguma imprecisão, visto que no fundo, no fundo, o monstro nunca esteve de todo ausente).
(Montagem: GGN).
O monstro está de volta com prisões da Vale e proibição de Lula de ir a velório 
Por Luis Nassif
O monstro do aparelho judiciário está de volta em dois episódios dramáticos, em que a única voz decente, nas instituições, foi do vice-presidente, General Hamilton Mourão.
A infâmia tem cara.
Na justiça federal de 1ª instância é a juíza Carolina Lebbos, que procurou atrasar a decisão – e, portanto torná-la sem efeito – pedindo parecer do Ministério Público Federal. Entre os procuradores da Lava Jato, a infâmia foi coletiva.  Na PF, tem a cara de Sérgio Moro, Ministro da Justiça e comandante em chefe da PF. Na Justiça Federal de 2ª Instância, a cara do desembargador Leandro Paulsen.
A perseguição implacável e cruel a Lula desonra a Justiça e acontece em um momento em que o fator Jair Bolsonaro lança sobre o país os temores de uma era de trevas.
O segundo episódio foi a prisão de engenheiros que supostamente teriam responsabilidade pelo desabamento em Brumadinho.
Nos dois casos, Mourão identificou os vícios do arbítrio. No caso Lula, pela falta de piedade. No caso Vale, pela ansiedade em dar satisfações à opinião pública, mandando prender antes de apurar corretamente as responsabilidades.
O monstro está vivo e respira.
É o mesmo monstro que criminalizou problemas administrativos de universidades, levando um ex-reitor ao suicídio, invadiu universidades para impor censura ideológica, ordenou condução coercitiva a quarenta funcionários do BNDES, afetou a imagem da carne brasileira no mundo, liquidou com a vida de jovens estudantes no caso do major espião, ordenou a detenção de um cientista renomado por discutir a maconha, transformou Lula em prisioneiro político e colocou o país sob a influência de milícias.
É a volta dos porões da ditadura.
A maneira como se valem de manobras jurídicas, como foi o caso agora de Lula, é da mesma natureza da manobra de Luiz Fux procurando livrar o filho de Bolsonaro das investigações. Os métodos são os mesmos do período militar.
E isso acontece em um momento em que o antilulismo cada vez mais tem a face do bolsonarismo. Não há mais a mesma coesão na mídia e nas redes sociais para esses abusos processuais. E os pronunciamentos de Mourão reforçam essa sensação.
Na ditadura, o próprio Romeu Tuma fez questão de acompanhar Lula, liberando-o para o enterro de sua mãe. Não deixou a decisão nas mãos do guarda da esquina. Agora, o que se vê são pessoas menores, em guerras sem risco, incapazes de qualquer gesto de grandeza, como o de respeitar o inimigo caído. 

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