sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A CHEVRON E A SÍNDROME DO QUINTAL


A audácia de um poluidor

A se confirmarem as informações veiculadas (...), estamos diante de um caso de comportamento inaceitável de uma empresa estrangeira que, por acabar de protagonizar o mais grave acidente da exploração marítima de petróleo do qual já se teve notícia no Brasil, ainda quer vir “cantar de galo” sobre as autoridades brasileiras.

Diz o jornal que o sr. Ali Moshiri – o mesmo que, segundo o Wall Street Journal, em 2008, mandou jogar fora os planos técnicos da própria Chevron no campo de Frade e iniciar outros, com poços "mais simples e mais baratos" - entrou reclamando na audiência com o Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. (...) (Ele) reclamou que a empresa só soube da suspensão da autorização para novas perfurações por meio imprensa, antes de ser notificada oficialmente:

“A manchete da CNN foi: Chevron não pode mais operar no Brasil. Uma empresa do nosso porte não pode ser tratada dessa forma”, teria dito Moshiri ao ministro.

Não, senhor Moshiri. A história é outra: é um país como o nosso que não pode ser tratado desta maneira.

(...) o Sr. Moshiri “baixou a bola” ao ser lembrado de que o problema central era o vazamento. E é, mas por enquanto.

Quem não está sendo respeitoso neste caso é o seu grupo empresarial, não as autoridades brasileiras.

O seu subordinado, presidente do ramo brasileiro da Texaco, George Buck, ao menos pediu desculpas – instado, aliás, a fazê-lo, pelo Deputado Giovani Cherini (PDT-RS), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Pediu desculpas e só, nada mais. (...) Não se comprometeu em aceitar as multas. Não forneceu informações técnicas detalhadas (...)

(...) (O importante), por agora, é registrar e ver se o representante de uma empresa que confessa ter a culpa por um vazamento de petróleo em nosso litoral tem o direito de chegar de topete em riste para dizer como as autoridades brasileiras devem agir. (...) (Trechos pinçados do blog Tijolaço).

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Ali Moshiri, presidente da Chevron para a África e América Latina, só faltou adentrar o gabinete do ministro das Minas e Energia portando um big stick, o grande porrete. Natural. No Equador, por exemplo, a empresa responde por sérios danos ambientais, conforme se vê aqui. Agindo em seus quintais com singular desfaçatez, a empresa se julga dona de todos os pedaços. A reação enérgica com certeza não virá da grande mídia: a Globo, para ficarmos na cúpula, não mede esforços em tirar os holofotes da Chevron e direcioná-los à Petrobras e ANP. Que o governo se imponha. 

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