segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

A VERDADE É UMA LINHA VERMELHA


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'Falar a verdade tem seu preço. Todo apoio ao presidente Lula'

Palavras de Lula em Adis Abeba: "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando o Hitler resolveu matar os judeus".

Reação de Benjamin Netanyahu: "Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha".

Assim é a vida: falar a verdade, às vezes, é cruzar uma linha vermelha.

A íntegra do post do primeiro-ministro de Israel, na tradução feita pela Carta Capital, está aqui: “As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e faz isso ao mesmo tempo que defende o direito internacional”.

Israel não defende o direito internacional. A ocupação é contra o direito internacional. O genocídio é contra o direito internacional.

O "direito de se defender" de uma tropa de ocupação não constitui "direito", nem em Gaza, nem no Gueto de Varsóvia.

Quem prejudica o povo judeu é o sionismo. Quem banaliza o holocausto é quem o utiliza como suposta justificativa para perpetrar crimes contra a humanidade.

A declaração completa do presidente Lula está aqui, em resposta a pergunta de uma jornalista da Radio France, está a seguir, tal como transcrita pelo Fábio Al Khouri: “Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar contribuição para questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente, e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente, que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio, de que não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças. Olha, se teve algum erro nessa instituição que recolhe dinheiro, apura-se quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária para um povo que está há quantas décadas - há quantas décadas - tentando construir o seu estado. Brasil não apenas afirmou que vai dar contribuição - não posso dizer quanto, porque não é o presidente que decide, é preciso ver quem é que cuida disso no governo para saber quanto é que vai dar - como o Brasil disse que vai defender na ONU a definição do Estado Palestino ser reconhecido definitivamente como estado pleno e soberano. É importante lembrar que em 2010, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado Palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando o Hitler resolveu matar os judeus. Então não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, você deixar de ter ajuda humanitária. Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30 mil pessoas que já morreram, 70 mil que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram, sem saber porque estavam morrendo? Isso é pouco para mexer com o senso humanitário dos políticos do planeta? Então, sinceramente, ou os dirigentes políticos mudam o seu comportamento com relação ao ser humano, ou o ser humano vai terminar mudando a classe política. O que está acontecendo no mundo hoje é falta de instância de deliberação. Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão da Ucrânia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. E a chacina de Gaza não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. Aliás, as decisões tomadas pelo Conselho não foram cumpridas, e tampouco foi cumprida a decisão penal tomada agora no processo da África do Sul. O que é que nós estamos esperando para humanizar o ser humano? É isso que está faltando no mundo. Então o Brasil continua solidário ao povo palestino. O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que o exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza.”

Benjamin Netanyahu é, na opinião de uma parte da população de Israel, um criminoso. A julgar pelos seus atos e declarações, é um sociopata, um criminoso de guerra. Dada a influência sionista na extrema-direita internacional e brasileira, espero que o GSI entenda que a referência à "linha vermelha" é uma ameaça direta e pessoal ao presidente Lula.

Falar a verdade tem seu preço. Todo apoio ao presidente Lula."



("A VERDADE É UMA LINHA VERMELHA", de Valter Pomar, texto publicado nesta data no 247 - Aqui.

Pomar, historiador, é integrante da direção nacional do PT.

"Benjamin Netanyahu é, na opinião de uma parte da população de Israel, um criminoso. A julgar pelos seus atos e declarações, é um sociopata, um criminoso de guerra."

A mídia empresarial brasileira, ao contrário, está unida e coesa em posição contrária ao Lula).

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