domingo, 12 de abril de 2020

O QUE MOTIVOU A DEPENDÊNCIA DO MUNDO À CHINA?

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"...Hoje o mundo ocidental depende da China para itens básicos de saúde, como máscaras e aventais, além dos itens mais complexos como respiradores. Mas o mundo depende da China em muito mais itens, especialmente componentes para indústria de alta tecnologia: até equipamentos sensíveis de defesa dos Estados Unidos têm grande número de componentes chineses...".


Dependência (do mundo) à China foi gerada pelo neoliberalismo

Por André Araújo 

Ao criar a noção de que o mundo deveria globalizar suas cadeias industriais para obter produtos onde fossem mais baratos, sem nenhuma outra consideração, nem de segurança, nem de geopolítica (a vantagem econômica deveria ser a única consideração), o neoliberalismo dos anos 70 tornou o mundo REFÉM DA CHINA. Em nome de cadeias produtivas globais,  conceito de caráter exclusivamente econômico em razão do qual TODA A PRODUÇÃO eletrônica, automobilística, farmacêutica, de equipamentos para saúde, dos EUA, parte da União Europeia, Brasil, México e Argentina, DEPENDE DE INSUMOS VINDOS DA CHINA, porque lá são mais baratos. Isso promoveu - em nome da economia de mercado - a desindustrialização dos Estados Unidos, Reino Unido, grande parte da França, Espanha e Itália, preservando a Alemanha, que não embarcou de cabeça nesse processo.
A doutrina econômica subjacente e patrocinadora desse globalismo industrial reverso, que tornou o Ocidente dependente da China, é o NEOLIBERALISMO, que tem como Deus único a vantagem comparativa de mercados, sem outras considerações sobre segurança e emprego; as grandes corporações multinacionais passaram a ser supridas pela China em tudo o que a China pode produzir mais barato do que em seus países.
A conta veio rápida, a loucura neoliberal economiza no curto prazo, mas cobra alto no longo prazo. Hoje o mundo ocidental depende da China para itens básicos de saúde, como máscaras e aventais, além dos itens mais complexos como respiradores.
Mas o mundo depende da China em muito mais itens, especialmente componentes para indústria de alta tecnologia, até equipamentos sensíveis de defesa dos Estados Unidos têm grande número de componentes chineses, tudo em nome do baixo custo a curto prazo, deixando a conta final para o longo prazo.
AS PERDAS DO BRASIL
O Brasil foi um dos grandes exemplos da loucura neoliberal. A partir da gestão de mercado na PETROBRAS, com Pedro Parente, foram CANCELADAS todas as compras de navios e sondas, no valor de bilhões de dólares, que o setor de óleo e gás faria a estaleiros brasileiros, sob a alegação de que é MAIS BARATO COMPRAR NA CHINA.
Fecharam praticamente todos os estaleiros navais do Brasil, com a perda de 400 mil empregos diretos e indiretos, um navio demanda aço, compressores, bombas, motores, fios e cabos, tintas, é um imenso núcleo de suprimentos da indústria nacional, tudo isso foi irresponsavelmente transferido para a China, inclusive sondas quase prontas nos estaleiros de Rio Grande foram rebocadas para serem terminadas na China, navios para a Vale do Rio Doce que poderiam ser construídos nos estaleiro EAS em Pernambuco foram novamente encomendados à China.
A indústria naval brasileira foi LIQUIDADA pelo neoliberalismo ensandecido, empobrecendo o Brasil e o povo que dependia desses empregos, criando zonas de estagnação em cidades e regiões, tudo em nome da lógica das “cadeias produtivas globais”. A conta veio com o Coronavírus e será alta.
Mas as lições precisam ser aprendidas e uma das consequências lógicas será o ostracismo de “economistas neoliberais” e sua curta visão de mercado. Os países emergentes precisam de ECONOMISTAS COM VISÃO DE PAÍS E DE SEU FUTURO e não da Bolsa da próxima semana, única coisa de que os neoliberais entendem.  -  (FonteAqui).

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