quarta-feira, 22 de abril de 2020

COVID-19: DUAS ABORDAGENS EM TORNO DO BOICOTE AO ISOLAMENTO SOCIAL

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Duas pertinentes observações de Fernando Brito, titular do Blog Tijolaço, acerca de medidas adotadas pelo escalão superior com vistas no desmonte do isolamento social horizontal (no Brasil e, em parte, nos EUA):

(Galym Boranbayev - Cazaquistão).

Demora na ajuda federal pressiona governadores a abrir o comércio

Março já foi difícil e, para muitos prefeitos e governadores, em abril será impossível pagar sua folha de servidores, com a arrecadação em ruínas.
A maioria deles espera recolher pouco mais da metade do ICMS – sua principal receita é partilhada com os municípios – e as prefeituras estão com pagamento do Imposto sobre Serviços bem próximo de zero.
Ao contrário da União, os estados não podem – desde o período Fernando Henrique Cardoso – emitir títulos da dívida pública para se capitalizarem e, sem a compensação federal para a queda de suas arrecadações, é possível que já falte, nos primeiros dias de maio, dinheiro para pagar os salários de abril.
Essa ajuda foi aprovada rapidamente na Câmara mas, no Senado, empacou. O governo está bloqueando a votação exigindo uma obrigação de não darem, por dois anos, reajustes aos vencimentos do serviço público. Qualquer mudança no que foi aprovado na Câmara vai significar que o projeto terá de voltar para lá, em nova votação. E ainda há o prazo de sanção presidencial.
Portanto, dinheiro só no fim de maio, isso com muita sorte.
É por isso, e não por qualquer razão de ordem sanitária, que você está lendo notícias sobre relaxamento do fechamento do comércio e mudança nas regras de distanciamento social.  -  (Aqui).
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Mortes em alta, isolamento em baixa: a necrofilia do capital

Passaram hoje de 45 mil as mortes de norte-americanos por conta do novo coronavírus.
Rapidamente, o “grande irmão do Norte” aproxima-se das perdas de 58 mil cidadãos que se foram na insana Guerra do Vietnã, em seis anos de envolvimento total, desde Lyndon Johnson até Richard Nixon.
Em dois meses, não em cinco anos, como então.
Apenas nas últimas 24 horas, 2805 mortes, um recorde.
No entanto, no auge de uma guerra contra uma maré infecciosa, tudo o que se ouve é se pedir que as pessoas saiam de suas trincheiras domésticas, levantem-se e vão morrer no contágio
Você e milhares podem morrer, mas a economia não pode parar.
Não importa que haja bilhões e trilhões armazenados: eles não podem ser dizimados, embora milhares de pessoas o possam, em nome de uma pseudo recuperação da economia, que não vai ocorrer, mesmo que todos os balconistas voltem aos shoppings.
Aqui, estamos em plena escalada de contaminações e mortes, mas só o que se discute é a “liberação” das atividades normais.
Todo o discurso é escandalosamente cúmplice da estratégia da economia, não  da humanidade.
O capital, que se erigia como algo independente do trabalho, mostrou que sem ele, ainda que com toda a tecnologia, é inútil.  -  (Aqui).

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