segunda-feira, 20 de abril de 2015

DA SÉRIE ENCONTROS INUSITADOS

Ilustração: Netto.

Grandes encontros que poderiam terminar nada bem

PARA dar exemplo construtivo, eis alguns dos encontros mais assombrosos e desconcertantes que a história registrou, entre personalidades aparentemente tão antagônicas quanto Tom e Jerry. Por exemplo, entre o então homem forte da então União Soviética, Nikita Kruschev, e a então diva Marilyn Monroe. Em agosto de 1959, tentando debelar a escalada da crise sobre o destino de Berlim, o presidente norte-americano Eisenhower convidou o premiê Kruschev para uma visita aos Estados Unidos. Era o auge da Guerra Fria, e nunca um dirigente da URSS havia posto os pés ali.

O programa incluía uma passadinha pelos estúdios da 20th Century Fox, para um banquete com uma constelação: ­Judy ­Garland, Gary Cooper, Kim Novak, Ginger Rogers, ­Kirk ­Douglas, Frank Sinatra e Tony Curtis, entre centenas de ­astros. 
 
Os homens de terno escuro e as mulheres de vestido de gala e joias cintilantes. Uma plêiade tão galática que Henry Fonda­ ironizou: “Esta é a coisa mais próxima do maior funeral de Hollywood que já compareci na minha vida”. Logo que chegou, o líder comunista foi apresentado a Marilyn. A deusa usava um tomara que caia tão justo que parecia pintado no corpo. Marilyn começou por proferir uma frase que sua amiga ­Natalie Wood – fluente em russo – a tinha ensinado: “Nós, trabalhadores da 20th Century Fox, nos congratulamos por sua visita ao nosso estúdio e ao nosso país”.
 
Se Kruchev ficou embasbacado, a atriz não se mostrou impressionada: “Ele me olhou da maneira que os homens olham para uma mulher”. O soviético pegou a mão dela e ronronou: “Você é uma jovem adorável”. Mais tarde, Marilyn contou à sua empregada: “Ele era gordo, feio e com verrugas. Apertou minha mão com tanta força e por tanto tempo que achei que fosse quebrá-la. Bom, antes isso do que ser obrigada a beijá-lo”.

O então marido de MM, o dramaturgo Arthur Miller, foi “encorajado” a ficar em casa, pois era um esquerdista de carteirinha (investigado pelo Senado, dentro da paranoica campanha do senador republicano Joseph McCarthy). Mas com sua mulher eram outros quinhentos.

No começo, Marilyn, que nunca lia jornais nem ouvia noticiários, teve de ser instruída sobre quem era aquele russo baixinho e gordinho. Mas o estúdio insistiu. Na Rússia, a América significava duas coisas: Coca-Cola e Marilyn Monroe. Ela adorou ouvir isso.
 
 

O presidente da Fox, Spyros Skouras, foi buscar pessoalmente a atriz, cujos atrasos eram lendários. Quando entraram antecipadamente no estacionamento ainda vazio, ela exclamou, mortificada: “Tarde demais! Já acabou!” Pelo contrário: foi a primeira e última vez em sua vida que Marilyn chegou cedo. A protagonista de Quanto Mais Quente Melhor (1959) se sentou a uma mesa com Henry Fonda (com um fone de ouvido para não perder a final do campeonato de beisebol) de um lado e do outro Debbie Reynolds (com cara de tacho, pois na mesa mais próxima arrulhavam seu ex-marido Eddie Fischer com a nova mulher dele, Elizabeth Taylor, até ontem a melhor amiga de Debbie). Quando a loura voltou para casa, Arthur Miller perguntou o que achara do convidado de honra. A divindade fez aquele biquinho radioativo e murmurou: “Ah, acho que na Rússia eles não fazem muito sexo...” (Fonte: Jenipapo News - AQUI).

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