sábado, 12 de março de 2011

REVOLTA ÁRABE: O COLAPSO DA VELHA ORDEM DO PETRÓLEO


Por Michael T. Klare

Qualquer que seja o resultado dos protestos, levantes e rebeliões que agora varrem o Oriente Médio, uma coisa é certa: o mundo do petróleo será permanentemente transformado. Considere tudo o que está acontecendo agora como apenas a primeira vibração de um petro-terremoto que irá sacudir nosso mundo em suas bases.

Por um século, voltando até a descoberta de petróleo no sudoeste da Pérsia, antes da Primeira Guerra, forças ocidentais têm repetidamente promovido intervenções no Oriente Médio para garantir a sobrevivência de governos autoritários dedicados à produção de petróleo. Sem tais intervenções, a expansão das economias ocidentais após a Segunda Guerra e a atual abundância das sociedades industriais seria inconcebível.

Aqui, porém, está a notícia que deveria estar na capa dos jornais em todos os lugares: a velha ordem que sustenta esse petróleo está morrendo, e com o seu fim veremos também o fim do petróleo barato e de fácil acesso – para sempre.

Vamos tentar medir o que exatamente está em risco nos tumultos atuais. Para começar, não há praticamente chance alguma de fazer justiça completa ao papel fundamental que o petróleo do Oriente Médio representa na equação de energia do planeta. Embora o carvão barato tenha originalmente movido a Revolução Industrial, sendo o combustível das estradas de ferro, navios a vapor e fábricas, o óleo barato fez possível o automóvel, a indústria da aviação, os subúrbios, a agricultura mecanizada, e uma explosão de economia globalizada. E enquanto umas poucas principais região de produção deram início à era do petróleo– EUA, México, Venezuela, Romênia, a área próxima a Baku (então parte do Império Russo) e as índias Orientais Holandesas – é o Oriente Médio que tem satisfeito a sede de petróleo do planeta desde a Segunda Guerra.

Em 2009, o ano mais recente para o qual existe dados, a BP relatou que os fornecedores no Oriente Médio e norte da África conjuntamente produziram 29 milhões de barris por dia, ou 36% do produzido no planeta – e nem mesmo isso começa a sugerir a importância da região para a economia baseada em petróleo. Mais que qualquer outro local, o Oriente Médio tem canalizado sua produção para a exportação, de modo a satisfazer as necessidades de energia de poderosos importadores de petróleo como os EUA, China, Japão e União Europeia. Estamos falando de 20 milhões de barris destinados aos mercados internacionais a cada dia. Compare isso com a Rússia, o maior produtor individual, com sete milhões de barris destinados a exportação, com o continente africano e seus seis milhões, ou a América do Sul com apenas um milhão.

Os produtores do Oriente Médio serão ainda mais importantes nos anos vindouros pois estima-se que possuam dois terços das reservas não exploradas de petróleo. Segundo projeções recentes do Departamento de Energia dos EUA, o Oriente Médio e o Norte da África irão responder juntos por aproximadamente 43% do suprimento de petróleo do mundo em 2035 (em 2007 era 37%) e irão produzir uma parte maior ainda do que é destinado a exportação.

Falando diretamente: a economia mundial requer um suprimento cada vez maior de petróleo a um preço razoável. O Oriente Médio pode prover isso. É por isso que governos Ocidentais têm apoiado por tanto tempo regimes autoritários “estáveis” pela região, providenciando com regularidade suprimentos e treinamentos para as forças de segurança. Agora essa ordem, ferida e petrificada, cujo maior sucesso foi prover petróleo para a economia mundial, está se desintegrando. Não conte com qualquer nova ordem (ou desordem) para fornecer suficiente petróleo barato para preservar a Era do Petróleo.

Para compreender as razões disso, uma breve aula de História é necessária.

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