quinta-feira, 10 de março de 2011
ÁLCOOL SINTÉTICO: VÍCIO VIRTUAL?
David Nutt, professor catedrático de neuropsicofarmacologia do Imperial College, em Londres, escreveu artigo para a The Scientist sob o título ‘Bebidas sintéticas’. Nutt propõe que a indústria farmacêutica e a academia unam seus conhecimentos para desenvolver moléculas artificiais que tenham os mesmos efeitos do álcool sobre o cérebro, sem os efeitos colaterais da bebida. E mais: que tenha antídoto, o que não ocorre com o álcool.
Segundo o professor, em dez anos, as mortes por problemas no fígado irão ultrapassar as por doenças cardiovasculares no Reino Unido, onde o álcool ganhou o respeitável título de pior droga entre todas conhecidas. (...)
O álcool, ingerido, é convertido em uma substância extremamente tóxica (acetaldeído) para o fígado e outros órgãos.
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A matéria acima vem suscitando debates. O álcool deve ser proibido? Consumido com moderação, torna-se benéfico? (Isso está sendo seriamente questionado). E o livre arbítrio? E a publicidade? E a propensão?
A seguir, um comentário pinçado do blog de Luis Nassif, de autoria de Pedrôncio:
Proibir o álcool, legalizar a maconha... ai, que debate maçante!
De um lado, quimeras socio-asseptizantes; do outro, radicalismo libertário. Duas experiências históricas comprovam que nenhuma das propostas dá conta do "problema": a Lei Seca americana e Letten, uma estação de trens abandonada em Zurique, na Suíça, transformada em território livre para usuários de todas as drogas. Liberar geral não resolve. Proibir geral não resolve. O que resolve?
Do meu ponto de vista, quatro coisas: a primeira é frear a incitação ao consumo, ou seja, fim da publicidade direta ou subliminar. A segunda, complementar à primeira, é favorecer uma higiene de vida saudável, ou seja, publicidade positiva ("não use drogas, faça exercícios regularmente, coma alimentos saudáveis, respire pausadamente, faça alongamentos, leve a vida com bom humor, ame, faça amor, não faça guerra etc.").
A terceira coisa a fazer é informar, sem fazer terrorismo: quantos acidentes são causados pelo consumo de álcool, quanto dinheiro o tráfico movimenta, quais as consequências - positivas e negativas - no organismo que cada droga causa etc.
E finalmente a quarta é compreender de uma vez por todas que a busca pela "desrazão" que as drogas proporcionam (exceto o tabaco) é algo universal, existe e existiu em todas as sociedades. Gregos, troianos e romanos celebravam cultos a Baco/Dionísio. Egípcios e babilônios se amarravam num "pão líquido". Os druidas celtas curtiam um cogumelo e se bobear até o homem de Cromagnon puxava um baseado. Os humanos (e até alguns animais - http://www.youtube.com/watch?v=D5E5TjkDvU0) curtem e sempre curtiram um pileque.
Penso que essas quatro medidas são as únicas que possibilitarão uma convivência pacífica com as drogas e com seus usuários. Uma sociedade sem drogas por força da lei é autoritária e ineficaz em seus objetivos. Uma sociedade onde cada um faz o que quer de acordo com seu livre arbítrio é temerária e irresponsável. Somente sujeitos bem informados e livres (livres inclusive da propaganda e do "glamour" das drogas ) podem constituir a sociedade do meio termo, aquela em que ninguém se droga (aspiração higienista dos anti-drogas) mesmo vivendo num mundo onde elas existem livremente (aspiração libertária dos pró-legalização).
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