Certos factóides pegam. Exemplo: o da manobra contábil da Petrobras, que lhe teria permitido sonegar mais de R$ 3 bilhões, conforme denunciou, com pompa e estardalhaço, um jornalão. Acabou dando causa a instauração de CPI. Há dois dias, outro jornalão informou que o procedimento contábil é perfeitamente legal e corriqueiro, mas a repercussão foi praticamente nula. O factóide já produzira o efeito esperado.
Outros factóides vão fluindo, rendendo pano pra manga, até que...
A PEC do 3° mandato para presidente, governadores e prefeitos, de autoria de Jackson Barreto (PMDB-SE), foi submetida ao deputado José Genoíno (PT-SP), da comissão de constituição e justiça da Câmara, para análise e parecer.
Até aí, a grande imprensa se refestelava: editoriais e matérias em geral davam conta de que o próprio Lula, a despeito de se dizer contrário ao artifício, ardilosamente estimulava a iniciativa.
O relator emitiu parecer contrário à PEC, recomendando o seu arquivamento, sob a alegação de desrespeito ao princípio republicano, o que implica sua inconstitucionalidade. Genoíno arguiu também que o 3° mandato representa casuísmo, visto que beneficiaria os atuais governantes (o que faz lembrar a PEC da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, aprovada nos anos noventa sob aplausos da grande imprensa...).
O mérito da questão será julgado em breve, e a expectativa é a de que a PEC seja devidamene enterrada, desfalcando o estoque de factóides.
Aguardemos os próximos lances: a grande imprensa certamente arrumará um meio de voltar à carga com outra especulação adequada à ocupação de espaços. Afinal, ela já deu mostras de ser craque na reposição de estoques.
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