Crise existencial não brinca: o céu fica cinza, falta chão, a angústia toma de conta, o futuro é sombrio, o isolamento se impõe. O cartunista Angeli, da Folha de São Paulo e "pai" de personagens como Rebordosa e Wood&Stock, chegou a (auto)retratar a situação em "Angeli em crise": sujeito (ele) com barba por fazer, olho fundo, puto-a-olhar-o-teto, décimo-oitavo cigarro no bico, a arrotar impropérios monossilábicos, se é que isso é possível. O certo é que a crise existencial é uma lástima sem fim, e todo mundo é refém dela.
Mas eis que surge um fato novo para desmoralizar o paradigma!
O banqueiro Daniel Dantas, titular de dezenas de empresas, lideradas pelo Opportunity (ex Banco Lógica S.A.), foi preso, em companhia de Naji Nahas e Celso Pitta, com base em determinação judicial embasada em inquérito policial que resume a "Operação Satiagraha".
Preso Dantas, "um belo dia" (lembra dos relatos de antanho?) o advogado Nelio Machado, pesaroso, diz que seu constituinte está "em crise existencial, com vontade de desabafar..."
Bastou o anúncio dessa vontade de desabafar para que um turbilhão de acontecimentos se verificasse alucinantemente: afastamento do delegado Protógenes Queiroz, "suspeição" arguida
contra o juiz Fausto Martin de Sanctis, concessão, em 48 horas, de dois habeas corpus ao banqueiro, afastamento de Paulo Lacerda da Agência Brasileira de Inteligência, cortina de fumaça muito bem estendida pela grande mídia...
Consta que "HDs" (discos rígidos) do Opportunity trazem dados bombásticos sobre aplicações irregulares em paraísos fiscais... E haveria outros dados, não desabafados por Dantas.
Bendita crise existencial, hein?
Enquanto isso, no STF...