segunda-feira, 31 de outubro de 2016

UM POUCO DE HISTÓRIA: A VIDA NO CAIRO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

                                 Oficiais britânicos no Shepheard Hotel, Cairo

Cairo ao tempo da Segunda Guerra

Por André Araújo

Enquanto se desenrolava a luta no front da Líbia contra tropas italianas do Marechal Graziani e alemãs do General Rommel, a vida social no Cairo era vibrante: cabarés de luxo a pleno vapor, festas nos 300 palácios da aristocracia rural em Zamalek e Heliópolis, 15 hotéis luxuosos ocupados pela oficialidade, chás das cinco, romances, alta gastronomia no Groppi, restaurante suíço com o melhor cocktail de camarão do Canal. Apesar da guerra não faltava whisky, champagne francesa, cava espanhola, vinhos húngaros, cocotes francesas, caviar russo, anchovas portuguesas. Lutava-se no front, depois descanso no Cairo ou em Alexandria. Em 1942 começaram a chegar os americanos, vindos de avião pelo centro da África via Freetown, Fort Lamy e Cartoum, a partir de voos transatlânticos partindo da Flórida com escala em Recife.
Artemis Cooper escreveu um clássico CAIRO IN TIMES OF WAR descrevendo esse período único na capital egípcia, a vida social intensa cujos epicentros eram a Embaixada Britânica e o Palácio Abdine onde reinava Farouk e sua numerosa corte, neutro na guerra que se desenrolava em seu território, guerra que não era 'sua'.
Apesar de serem aliadas da Alemanha, mantinham Embaixadas no Cairo, quase até o fim da Guerra, a Hungria, a Romênia e a França de Vichy, todas centros de espionagem, para desespero dos ingleses.  O Embaixador inglês Sir Miles Lampson era o maestro da vida social. A Inglaterra estava em guerra contra a Itália mas a Embaixatriz era italiana assim como os serviçais do Rei Fraouk no Palácio Abdine. Quando Lampson ordenou a Farouk que se livrasse dos italianos no Palácio porque havia risco de espionagem, o sarcástico Farouk replicou, "eu os mando embora depois que Sua Excelência se livrar de sua esposa italiana".
Além do Rei Farouk, outros reis estavam no Cairo em refúgio - o Rei da Grécia e o Rei da Iugoslávia -, e grande número de nobres do leste europeu, milionários franceses e belgas, ladies inglesas, armadores noruegueses.
O Rio de Janeiro também foi um palco social intenso durante a Segunda Guerra, mereceria um livro. O Rio, com seus cassinos, recebeu muitos refugiados importantes, um oásis em um mundo conturbado. Propus a Artemis Cooper escrever em co-autoria esse livro, ficou de estudar quando dispuser de tempo; dela também é PARIS EM TEMPO DE GUERRA, sobre o mesmo período na Cidade-Luz. Guerra é tragédia mas nela brotam oásis.
Na Segunda Guerra foram cidades vibrantes Lisboa, Madrid, Estocolmo, Buenos Aires, Havana, Santiago, Lima, Cidade do México, Istambul, todas neutras e centros de negócios típicos de guerra, mercado negro e contrabando, de espionagem e tráfego de dinheiro e de gente. (Fonte: AQUI).

Nenhum comentário: