segunda-feira, 13 de junho de 2016

A DELAÇÃO MACHADIANA


"Da coluna de Lauro Jardim, sobre Sérgio Machado – o delator do gravador -, que está se juntando à galeria dos novos heróis pátrios, onde já estão insculpidos os ilustres vultos de Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, empreiteiros et caterva.
Sérgio Machado desviou, gravou, delatou e… não mofará numa cela. Mas terá que andar com tornozeleiras eletrônicas. Ficará dois anos em regime domiciliar.
Livrou ainda seus três filhos (Expedito, Sérgio e Daniel), que também fizeram delação, de serem até mesmo denunciados pela Justiça.
Este é o escopo do acordo de delação premiada fechado entre os advogados de Machado e Rodrigo Janot e homologado pelo Supremo.
Machado terá que devolver aos cofres públicos, como multa compensatória, R$ 70 milhões, do total que assumidamente desviou para si em propinas nos onze anos em que mandou na Transpetro, sob Lula e Dilma.
Por terem usufruído da propina, Expedito e Daniel pagarão a multa com o pai.
Sérgio Filho, que entrou no acordo em caráter acessório, ficou livre da pena pecuniária.
Há algo de muito errado num sistema de “delações premiadas” – 60, até  agora – capaz de fazer com que bandidos, ladrões públicos, pela “virtude” da alcaguetagem, possam estar fruindo da liberdade e de bens que não são poucos.
Parece ter virado um grande negócio, garantido e validado pela Justiça.
Mudou o ditado.
Agora é “ladrão que deda ladrão tem na hora o seu perdão”.
Mas se, ao contrário, insistir na sua inocência, prisão perpétua para ele…
Estranha ética essa proposta pela Justiça brasileira."



(De Fernando Brito, titular do blog Tijolaço, post intitulado "Quem disse que o crime não compensa?" - aqui.
Faltou informar um detalhe precioso: Sérgio Machado, além de todas as premiações recebidas, terá a oportunidade de se consagrar como personalidade literária: anuncia a pretensão de publicar "um livro para contar os motivos que o levaram a desviar dinheiro e delatar seus ex-companheiros" - aqui.

Além da ponta do iceberg até agora levada a público, espera-se, claro, a parte substancial do bolo, que virá de Londres: se o jovem 'dealer' filho disponibilizar 'informações de cocheira' sobre os investimentos bilionários, o livro será best-seller. Desde que o lançamento ocorra em curto prazo, dada a concorrência acirrada entre golpes, falcatruas e malfeitorias que se sucedem em nosso país. 
Em vista do que, sem arriscar qualquer palpite sobre quantos milhões 'sobraram' para Machado e companhia após descontada a multa compensatória de R$ 70 milhões, resta-nos dizer, sobre a indagação objeto do título do texto de Brito: Compensa, sim).

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