JK, Castelo Branco e o que é e não é ser um democrata
Por Vandeck Santiago
A história mais curiosa do golpe de 64 é a que envolve Juscelino Kubitschek e Castelo Branco.
JK era presidente (1958) e estava avaliando a lista dos militares do Exército para promoção. Chegou ao nome de Castelo Branco. Se fosse promovido a general, Castelo continuaria na ativa; se não fosse, iria para a reserva - ou seja: não teria mais chance alguma de intervir na vida política nacional.
O ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, alertou:
- Presidente, o Castelo é um lacerdista ferrenho.
JK perguntou:
- Mas é um militar competente?
- Competente, é. Íntegro, respeitado na tropa - respondeu Lott.
- Isso é o que interessa. Ele tem tanto direito de ser lacerdista quanto eu de não sê-lo - respondeu JK, determinando a promoção de Castelo Branco a general.
Seis anos depois Castelo foi o principal nome do golpe. O primeiro presidente da ditadura. E chegou às suas mãos o pedido de cassação de JK, feito pelos golpistas mais fanáticos.
JK era o favorito disparado para eleger-se presidente em 1965, se houvesse eleições. Se não houvesse, se elegeria para qualquer outro cargo.
Não havia nada que justificasse a sua cassação, a não ser o temor dos adversários do seu poderio eleitoral.
O destino de JK foi parar nas mãos de Castelo - que só estava ali, como presidente, porque anos antes fora promovido por ele.
Mas Castelo não hesitou.
Mas Castelo não hesitou.
Cassou JK, que nunca mais disputou uma eleição. Morreu em 1976, aos 73 anos.
Poucas histórias definem tão bem o que é ser e não ser um democrata (Aqui).
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