quarta-feira, 8 de abril de 2015
O AJUSTE FISCAL E O CONTO DO INVESTMENT GRADE: UMA OPINIÃO
A miragem do Grau de Investimento
Por Motta Araújo
O Plano Levy tem como sua grande e fundamental meta MANTER O INVESTMENT GRADE do Brasil, ou seja, a atual nota na tangente nas três agências de rating, a qual se baixar mais um degrau deixa o Brasil sem investment grade.
Para manter esse grau de investimento o País vai ser lançado numa senhora recessão. Vale a pena?
Definitivamente não; o grau de investimento é uma MIRAGEM, não tem esse valor. Por quê?
Desde a crise de 2008 o PESO dos ratings de agências CAIU muito em importância. O grosso dos fundos de investimentos americanos ou que se ligam ao sistema americano de fundos NÃO tem qualquer restrição para investir em países sem grau de investimento. Os fundos que AINDA têm restrições estatutárias para investir em países sem grau de investimento são os fundos de pensão dos funcionários públicos, mas esses fundos não investiram quase nada no Brasil durante os quase dez anos nos quais o Brasil teve investment grade. Os fundos de pensão desse tipo, semi-estatais tal qual a Previ, não investem quase nada fora dos EUA, não é da prática deles.
Os mega fundos de investimento americanos são hoje altamente especulativos, têm DEPARTAMENTOS PRÓPRIOS DE ANÁLISE que não seguem agências ou bancos; aliás, muitos perderam bom dinheiro em 2008 seguindo agências e bancos, e hoje querem distância de Wall Street, preferem seguir seus próprios analistas internos. A razão é que perderam em 2008 muito dinheiro seguindo recomendação de agências e dos Goldman Sachs da vida, que venderam títulos podres (os sub-primes) e depois apostaram contra os próprios títulos que venderam.
Fui consultor há quatro anos de um dos maiores fundos canadenses de pensão de funcionários públicos, queriam investir em etanol no Brasil; rodei com eles em duas viagens de equipes diferentes de analistas PRÓPRIOS; nem queriam ouvir falar de agências; fizeram um excelente trabalho de campo, tiraram centenas de fotos, fomos ao Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo, que os deixou encantados, com estatísticas de safras de açúcar de mais de um século, cidade por cidade, disseram que no Canadá não existem estatísticas tão perfeitas.
Esse é hoje o espírito dos fundos de investimentos; nas empresas industriais, então, NENHUMA importância do grau de investimento, comprovada pela presença de grandes investidores industriais e bancos no Brasil por mais de um século e meio nos quais o Brasil não teve grau de investimento. O primeiro banco em Manaus foi o Bank of London & South America em 1910, o Brasil obteve empréstimo externo do Banco Rothschild em 1823, um ano após a independência, a taxa boa e sem ter grau de investimento; esse é um golpe barato que financistas gostam de aplicar em bisonhos: anunciam esse GRAU como se fosse algo mágico, um tesouro no fim do arco íris, e para conseguir essa loteria o País precisa vender a alma ao diabo; o valor de GRAU hoje é pouco e nada; mas vendem como ouro puro, é um VERDADEIRO CONTO DA CINDERELA. (Fonte: aqui).
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É fato que após o fiasco dos conceitos atribuídos pelas agências até véspera de 2008, elas ficaram desmoralizadas. Mas o tal grau de investimento, se não é 100% decisivo para efeito de direcionamento de investimentos externos, preservou o peso político (ou seria melhor dizer psicológico?), e esse efeito, que pode resultar em sérios reflexos negativos à sustentação partidária do governo, ao fim e ao cabo acaba por desembocar no caldeirão da economia, levando empreendedores locais e externos a adiar ou até mesmo desistir de novas empreitadas produtivas, o que por sua vez faz o país encalhar mais ainda - além de implicar a cobrança ao país de taxas de juros mais elevadas (ágio, 'spread') de bancos em geral (p. ex.: na rolagem da notória e imortal dívida pública) em face do 'risco Brasil', entre outras consequências. O buraco, constata-se, é mais embaixo.
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