O que mais atormenta é que a instituição Receita Federal não está atingida. Seus funcionários, pela dignidade que sempre serviu de exemplo para o país, não são os responsáveis. O que se lê é que a responsabilidade vem de um conselho basicamente indicado por segmentos empresariais.
Se for verdadeiro o roubo, as proporções indicadas são 100 vezes maiores que o mensalão e quase dez vezes maiores que o Lava Jato. Mesmo assim, não se vê, não se lê e não se ouve nada a respeito, a não ser o noticiário arroz-com-feijão.
Onde está a repulsa da sociedade, se tudo isso for verdade?"
(Do Jornal do Brasil, post intitulado "Onde está a repulsa da sociedade com escândalo da fraude no Carf?', reproduzido pelo Jornal GGN - aqui.
Aracy Balbani lembra que "Muitos nunca ouviram falar no Carf antes da Operação Zelotes [zelote: aquele que finge que tem zelos] e também não encontraram na imprensa comercial informações detalhadas sobre seu histórico, mecanismo de funcionamento e composição.
Na página do Carf há informações úteis para começar a compreender a situação. Ali se fala, por exemplo, das origens do Conselho: 'O Decreto nº 16.580, de 04 de setembro de 1924, instituiu um Conselho de Contribuintes em cada Estado e no Distrito Federal, com competência para julgamento de recursos referentes ao Imposto sobre a Renda, cujos cinco membros seriam escolhidos entre contribuintes do comércio, indústria, profissões liberais e funcionários públicos, todos de reconhecida idoneidade e nomeados pelo Ministro da Fazenda.'"
Uma indagação basta para que se medite acerca do porquê do 'desinteresse' da grande mídia relativamente à Operação Zelotes: Quantas das empresas suspeitas de fraude são grandes anunciantes?
A propósito, a pauta 2015 do Carf teria sido suspensa, para a adoção de providências no âmbito interno. E qual o montante das autuações contidas nos processos integrantes da referida pauta? Resposta: R$ 531 bilhões (quinhentos e trinta e um bilhões de reais). Diante de tão assombrosa quantia, pergunta-se: Quem garante que o assalto contra o erário não venha a superar os R$ 19 bilhões estimados pelos condutores da Operação Zelotes?
Um ex-presidente do Carf, seriamente implicado no caso, segundo a Folha, atuou no citado conselho de 1995 a 2004, quando saiu; mas não saiu de todo: deixou lá uma filha como conselheira...
Diante de um Carf tomado por frouxidão monumental, é cabível especular: Empresas espertas partiam deliberadamente para sonegações milionárias, pois sabiam que eventual autuação futura poderia ser facilmente "administrada". É como se o departamento contábil de cada uma delas ostentasse um quadro com os seguintes dizeres, em letras garrafais: A sonegação é livre!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário