domingo, 20 de janeiro de 2019

SOBRE A ARTE DE MILLÔR FERNANDES

.'Quem mata o tempo não é um assassino, é um suicida.'
.'Viver é desenhar sem borracha.'
.'O cara só é sinceramente ateu quando está bem de saúde.'
.'Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor à arte.'
.'É melhor ser pessimista do que otimista. O pessimista fica feliz quando acerta e quando erra'.
.'Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos.'
.'Toda alegria é assim: já vem embrulhada numa tristezinha de papel fino.'
.'Quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro para os oprimidos.'
.'A Justiça é cega, sua balança desregulada e sua espada sem fio.'
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(Acima, 0,0000001% do pensamento de Millôr Viola Fernandes - Rio, 1923-2012 -, desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista).
(Millôr Fernandes)
Relembrando Millôr Fernandes 
Por Roberto Regensteiner (No GGN)   
O livre pensar é só pensar! assim escrevia Millôr Fernandes, um contemporâneo apenas parcialmente, pois ele partiu faz tempo, enquanto eu continuo fazendo graça entre os vivos. Tenho me inspirado nele ultimamente. 
Conheci-o como leitor através de sua produção n´O Pasquim e nas Vejas e que estão bem representadas na Exposição no IMS (v. Serviço ao final).
“Millôr, um escritor sem estilo”, era uma linguiça que ele enchia toda semana desenhando sua assinatura de um jeito distinto e colorido que, na época me causava enjoo, pois não via nada demais naquilo. Eis que passadas algumas décadas vemos o Google fazendo seus doodles e brincando com sua logomarca de forma nunca vista no sisudo mundo corporativo. Mas isto é outra História. De volta ao Millôr que quanto mais passa o tempo melhor fica.
Houve um Roda-Viva em que ele defendia a Liberdade. “Queria ser livre como um táxi”, assim sintetizava numa fala, que ele achava engraçada, o assunto.
Escreveu “Liberdade, Liberdade” a peça de teatro que fez com Flavio Rangel, Paulo Autran e outros estandartes do glorioso teatro brasileiro e que, junto com outros artistas, no anoitecer da ditadura de 1964, foram às trincheiras da cultura defender a liberdade de expressão e manifestação do pensamento.
Na Exposição do IMS dá para ver parte de seu trabalho desde os anos 1930. Muito interessante o artigo “A verdadeira história do Paraíso” em que faz críticas bem-humoradas e pertinentes ao projeto de paraíso então dominante e que deixam os conservadores de pior-humor. Eles então conseguem com que Millôr saia da revista. E ele então funda a Revista PIF-PAF, em que vale a pena dar uma olhada.
Millôr foi de uma geração em que também estiveram Boal, Guarnieri e tantos outros do teatro, Ziraldo, Jaguar, Jô Soares, entre outros muitos vivos e outros tantos já falecidos, que mutatis mutandis, na música, nos textos, nos filmes, nas artes, e diga aí onde não floresceram talentos nos campos brasileiros daqueles tempos, do futebol tricampeão aos quadros de Portinari na ONU.

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