quinta-feira, 23 de julho de 2015

A SAGA DA CHEVRON


Chevron, a aventureira do petróleo

Por André Araújo

Essa empresa, uma das Sete Irmãs originais do petróleo, foi fundada em 1876 por californianos, um pessoal por definição aventureiro em um Estado que nasceu com a busca do ouro. Comprada em 1885 pelo lendário John Rockefeller, fundador da Standard Oil, teve que ser separada do truste dos Rockefeller por determinação do Sherman Antitrust Act de 1911, tornando-se então independente com o nome de Standard Oil Company of California, com sede em San Francisco. A empresa sempre teve no seu DNA um espírito aventureiro, muito diferente da Standard Oil of New Jersey, a mãe de todas as empresas do grupo Rockefeller. A Standard of New Jersey (hoje Exxon Mobil) foi criada pelo velho sovina contador de tostões que detestava o risco da exploração e fez sua fortuna com refino, transporte e distribuição. Rockefeller achava que exploração era negócio para malucos e aventureiros; preferia o negócio seguro do refino e distribuição.
A Standard Oil of California desde os anos 20 operava em parcerias com a The Texas Company, conhecida como TEXACO, também aventureira e que investia em exploração, as duas eram conhecidas como "As gêmeas piratas".
A TEXACO foi uma das três pioneiras do petróleo venezuelano, descoberto durante o governo de Juan Vicente Gomez, "El Bagre", o Tirano dos Andes, juntamente com a Shell e a Esso.
A Standard of California começou a usar o nome CHEVRON para algumas redes de postos em 1926, mas não como nome da companhia. Em 1933 obteve concessões na Arábia Saudita, novo reino onde ninguém imaginava que havia petróleo, anteriormente uma província do Império Otomano, onde se deu bem como pioneira do óleo saudita.
Em 1938, descobriu petróleo na península arábica, a maior reserva do planeta. Criou a ARAMCO-Arabian American Oil Company, hoje a maior empresa de petróleo do mundo, controlada pelo governo saudita mas com contratos de prestação de serviço com a Chevron. Os velhos laços se mantêm apesar de agora em outro modelo.
A Chevron fez duas grandes aquisições que a fizeram dobrar de tamanho, ambas com operações no Brasil. Em 1989 comprou a Gulf Oil, da família Mellon, e em 2000 a sua antiga parceira, a TEXACO, por 45 bilhões de dólares.
A Chevron tem um mega projeto de gás na Austrália, o Gorgon Gas Project, um vasto conjunto de poços de produção, plantas de liquefação, gasodutos e portos, onde está investindo 47 bilhões de dólares.
A Chevron também tem grandes explorações na Nigéria, em Angola e especialmente no Cazaquistão, onde é a maior acionista do Caspian Pipeline, o oleoduto e gasoduto que leva a produção do Cazaquistão para os mercados europeus.
Na Indonésia é dona do conjunto de usinas geotermais, que extraem vapor a partir de poços de água quente e que fornecem energia (1.273 MW)  para a capital da Indonésia, Jacarta.
A Chevron tem muitas usinas a gás nos EUA e vende energia para as distribuidoras; também tem essas usinas em outros países como Paquistão, Singapura e Tailândia.
Na distribuição tem 19.500 postos em 84 países, na energia renovável é a maior produtora de energia solar na Califórnia (2.000 MW), está investindo US$2 bilhões por ano em energias alternativas, especialmente petróleo de xisto (shale oil), sendo dona de processos novíssimos e que causam menos danos ambientais do que o processo conhecido até o começo do Século XXI.
A CHEVRON tem duas operações importantes na América do Sul. Na Venezuela é uma das principais concessionárias da reserva da Franja do Orinoco, a maior do mundo com 290 bilhões de barris, que explora em sociedade com a PDVSA, e na Argentina assumiu a gestão da maior petrolífera do País, a YPF, que foi estatizada pela Presidente Kircher depois de ter sido privatizada no governo Menem para a espanhola REPSOL, que está processando o governo argentino e a CHEVRON, esta por ter se tornado cúmplice da reestatização ao assumir a gestão em nome do Estado argentino.
O histórico da CHEVRON mostra que a empresa faz qualquer negócio, não tem medo de assombração.
Seu lucro em 2014 foi de US$ 26 bilhões para vendas de US$257 bilhões, margem de 10%, nada mau, o que fez seu valor de mercado atingir US$240 bilhões.
Hoje a sede da CHEVRON é em San Mateo, na Califórnia, em um campo verdejante de 40 hectares, mas sua subsede em Houston, uma torre de 50 andares, é onde estão seus principais escritórios.
A ex-Secretária de Estado Condolezza Rice fez parte do Board da Chevron logo que saiu do governo Bush.
O caráter aventureiro da CHEVRON está no seu DNA: se lhe oferecessem para gerir a PETROBRAS aceitaria na boa. (Fonte: aqui).

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Entreouvido na cúpula da Chevron, devidamente traduzido para o português: "Se não for possível abocanharmos a Petrobras por inteiro, nos contentaremos com o pré-sal, que, por sinal, vem sendo o nosso principal foco nos últimos anos...".

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