G20 sinaliza flagelo da desigualdade de renda pela primeira vez
Os líderes econômicos do Grupo dos 20 sinalizaram pela primeira vez uma preocupação conjunta com o aumento da desigualdade de renda em toda a economia mundial.
"Em alguns países, o crescimento potencial caiu, a demanda continua fraca, a perspectiva para o emprego ainda é sombria e a desigualdade de renda está crescendo", disseram ministros da economia e banqueiros centrais dos principais mercados industriais e emergentes do planeta no rascunho de um comunicado que será divulgado após as negociações em Istambul, nesta terça-feira (10).
As autoridades do G-20 nunca mencionaram explicitamente a desigualdade de renda em um comunicado desde que seus líderes transformaram o órgão no principal fórum de coordenação da política econômica internacional, em 2009.
A decisão reflete a preocupação crescente de que a diferença entre ricos e pobres tenha se ampliado após a crise financeira de 2008 e possa ameaçar a estabilidade econômica e política.
"Nós também nos esforçaremos para garantir que o crescimento seja inclusivo, em particular por meio de políticas que contemplem a desigualdade de renda", acrescentaram as autoridades em outra parte do rascunho.
A presidente do Fed, o banco central dos EUA, Janet Yellen, e o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, estão entre os participantes do fórum de Istambul que afirmaram nos últimos 12 meses que a desigualdade poderia representar um risco econômico.
A preocupação foi amplificada pelo best-seller "O Capital no Século XXI", do economista francês Thomas Piketty, que afirmou que os retornos sobre o capital superaram o crescimento econômico nos últimos 30 a 40 anos, levando a maiores desigualdades de riqueza.
Círculo vicioso
A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com sede em Paris, estima que a diferença entre ricos e pobres está em seu nível mais alto das últimas três décadas na maioria dos países que a compõem.Os 10% mais ricos da população entre seus membros ganham 9,5 vezes mais que os 10% mais pobres, quando em 1980 a diferença era de sete vezes.
"Uma agenda de reforma ambiciosa pode ajudar a aumentar os empregos e a produtividade e apoiar a demanda, o que é fundamental para evitar a geração de um círculo vicioso em que a demanda fraca e as crescentes desigualdades minam o crescimento potencial e a confiança, possivelmente levando a uma estagnação persistente", disse o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, ontem em Istambul.
A organização antipobreza Oxfam disse no mês passado que o 1% mais rico da população do planeta deverá controlar a maior parte da riqueza mundial até 2016. (Fonte: aqui).
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Enquanto isso, os ricos do mundo continuam burlando o fisco, sonegando impostos - mediante práticas como a aqui exposta -, o que inclui brasileiros, que, como se sabe, estão livres do imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição Federal mas nunca regulamentado - situação que perdurará por um bom tempo, à vista da atual composição do Congresso Nacional.
Arrematando: a cada dia se confirmam as observações do economista francês Thomas Piketty sobre a questão das desigualdades - assunto por diversas vezes abordado neste blog.
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